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    O que restou da biblioteca da escritora Carina Luft e seu marido: quando o casal retornou à sua casa atingida pela enchente, setecentos livros jaziam misturados à lama fétida CRÉDITO: DANIEL PINHEIRO_2024

questões literárias

A luta dos gaúchos para salvar seus livros

Como escritores, editores e leitores enfrentaram a enchente no Rio Grande do Sul

José Francisco Botelho, do Rio Grande do Sul | 12 jul 2024_09h23
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Na noite do dia 28 de abril, depois de ouvir a previsão do tempo para a região de Porto Alegre, a escritora Carina Luft e seu marido Daniel Pinheiro imaginaram que a água poderia passar do pátio e entrar na casa. Autora de romances poli­ciais, ela colecionava clássicos do gênero, incluindo Edgar Allan Poe, Agatha Christie e Patri­cia Highsmith. Sua posse predileta era um conjunto de romances de Jo Nesbø, autor norueguês que também escreve obras policiais. Carina esvaziou as três prateleiras mais bai­xas, empilhando os livros no alto da estan­te de madeira.

Na manhã do dia 1º, quarta-feira, ao descer as escadas para passar o café, Ca­rina viu uma lâmina de água sob a por­ta do lavabo. Foi dar uma olhada e teve um sobressalto: o ralo do banheiro esta­va borbulhando. Quando o café termi­nou de descer pelo filtro, a cozinha já estava começando a ficar inundada. Refugiados no andar de cima, Carina e Daniel escutavam o borbulhar monstru­oso lá embaixo. Ao meio-dia, a luz elétrica foi cortada. A água chegou ao primeiro degrau da escada, e logo passou dos 40 cm previstos por Carina, aproximando-se da quarta prateleira, cheia de livros. A inun­dação foi tão rápida que o casal não teve tempo de mudar a biblioteca de lugar, conta José Francisco Botelho na edição deste mês da piauí.

Entre os dias 1º e 4 de maio, um mes­mo tipo de cena se repetiu em várias bi­bliotecas, casas e depósitos no Rio Grande do Sul: leitores, colecionadores e editores tentando salvar seus livros.

No depósito de 2 mil m² da maior das editoras gaúchas, a L&PM, estavam empilhados cerca de 900 mil livros. No dia 2 de maio, a Defesa Civil lançou um alerta de alaga­mento para a região onde fica a editora. “Se a água entrar lá, vai ser o fim do mundo”, disse Ivan Pinheiro Machado, um dos proprietários da editora, ao sócio Paulo de Almeida Lima.

No dia seguinte, Lima foi ao de­pósito com uma equipe de ajudantes. Usando empilhadeiras, eles conseguiram alçar 50 mil volumes dispostos em caixas até as prateleiras mais altas, esvaziando as próximas do chão. As caixas de livros mais baixas ficaram a uma altura de 1,30 metro do solo. Lima saiu do depósito achando que a água ficaria bem aquém dessa altura. “Levantei os livros meio rin­do da coisa toda. Afinal, o depósito fica a 2 km do Guaíba. Parecia impossível que a água chegasse com força até lá.”

Mas a água chegou.

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