Biblioteca Starfield, no shopping center Coex, em Seul: os coreanos carregam a sensação de terem chegado no meio da festa do capitalismo, mas nem por isso se sentem inferiores CRÉDITO: MARTHA BATALHA_2023
“Botox e budismo, melhor tratamento não há”
A escritora Martha Batalha conta sua viagem a Seul, na Coreia do Sul
“Estou na Coreia do Sul! No quarto de um hotel em Seul! Comendo dois ovos cozidos! Pontos de exclamação não combinam com bom estilo, mas quando a pessoa acabou de chegar à Coreia do Sul a regra muda. Por exemplo: peguei o elevador com um robozinho levando serviço de quarto para algum hóspede. Estou a 50 km da Coreia do Norte. Todo mundo se curva ao me cumprimentar e estou me sentindo uma imperatriz.”
Assim, a escritora Martha Batalha, autora de A vida invisível de Eurídice Gusmão, inicia o diário de sua visita à Coreia do Sul que a piauí publica na edição deste mês. “A maioria dos eventos de que costumo participar é no estilo carioca, algo como ‘Bora falar daqui a pouco no palco’. Nesse festival em Seul, as coisas são diferentes”, ela conta. “Recebi as perguntas com um mês de antecedência. No dia da conversa cheguei duas horas antes para um ensaio. Tudo foi meticulosamente programado e realizado.”
Batalha participou do Festival Internacional de Escritores de Seul, para o qual também foram convidados a escritora coreana Jeong Ji, o escritor chinês Yu Hua e a inglesa Bernardine Evaristo, entre vários outros. Nos intervalos do evento, ela praticou meditação, visitou a fronteira com a Coreia do Norte e fez até uma aplicação de botox. “Botox e budismo, melhor tratamento não há. Já faz tempo, li uma entrevista com um monge budista e me impressionei com a foto. O cara tinha uns 100 anos e o rosto liso e iluminado como o de um menino contente com os presentes do Papai Noel.”
Para a escritora, o zelo estético que vigora na Coreia do Sul é reflexo de uma cultura patriarcal, perfeccionista, competitiva e afluente. “Profissionais investem na aparência para avançar na carreira. Mulheres se cuidam para atrair bons partidos”, escreve. “Magreza é fundamental, e o clareamento de pele é feito por muitos.”
Na Zona Desmilitarizada da Coreia (na sigla em inglês, DMZ), uma área de 4 km de largura próxima de Seus, vigiada por norte-coreanos de um lado e por sul-coreanos e americanos de outro, Batalha se depara com um lugar parecido a um parque de diversões. “Empresas turísticas despejam diariamente dezenas de turistas na área. Eles compram camisetas e chaveiros com a logo DMZ. Fazem selfies tendo ao fundo a vista rural da Coreia do Norte. E se entretém em experiências, como as descritas no folheto: ‘Explore os túneis secretos! Veja de longe um típico vilarejo norte-coreano! Converse com um desertor do Norte!’”
Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.
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