minha conta a revista fazer logout faça seu login assinaturas a revista
piauí jogos

    Ana de Hollanda e Chico Buarque nos anos 1950, na casa da Rua Haddock Lobo, em São Paulo, com a Babá ao fundo: “Nós, as meninas menores, tínhamos Chico como um ídolo particular” CRÉDITO: ÁLBUM DE FAMÍLIA

memória

Chico Buarque na visão de sua irmã menor

Ana de Hollanda rememora a infância e juventude do compositor, que fará 80 anos

Ana de Hollanda | 11 abr 2024_09h30
A+ A- A

“De tudo que se falava sobre ele, o mais absurdo era chamá-lo de tímido. Tímido? Logo ele, que Mamãe sempre chamou de cafajeste?”, escreve a cantora e compositora Ana de Hollanda na edição deste mês da piauí. “Ele nunca foi tímido nem cafajeste, mas podia ser reservado, e era natural que fosse, com desconhecidos que insistiam em invadir sua vida real para arrancar confidências irreais.”

Ex-ministra da Cultura e uma das irmãs mais novas de Chico Buarque, Ana de Hollanda rememora seus anos de infância e juventude ao lado do compositor, que fará 80 anos em junho. Ela conta como a mudança do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda (1902-82) e de Maria Amelia Alvim Buarque de Hollanda (1910-2010), com seus sete filhos, para uma casa no bairro do Pacaembu, em São Paulo, abriu uma nova fase na vida de toda a família. “Não consigo imaginar, hoje, um cenário que não seja este, o da Rua Buri, 35, para a história da minha família. Papai e seu escritório, seus alunos, amigos, pesquisadores, as paredes forradas de livros, Mamãe, nós sete, a Babá, a Generosa, gatos, agregados, frequentadores de todas as gerações, cantorias, brincadeiras, jogos, festas com centenas de pessoas e as constantes reuniões políticas.”

A música tinha um lugar significativo na vida doméstica. Seus pais haviam estudado piano e alguns dos seus irmãos passaram a se dedicar ao violão. “Miúcha tinha como meta cantar como Edith Piaf, mas não demorou a escorregar para o samba e, com o violão que aprendeu a tocar minimamente com minha tia Maria, passou a comandar estridentes saraus com as três irmãs”, ela recorda. “Eu, que também sonhava aprender violão, consegui ganhar um de presente de aniversário, com a garantia de que Miúcha me ensinaria a tocar, assim como já vinha fazendo com Chico.”

Logo, Chico Buarque começou a fazer as primeiras composições. “Na casa da Rua Buri, era na sala de jantar que Chico se concentrava para criar, com todas as portas fechadas.” Ele iniciou a faculdade de arquitetura, mas logo o curso começou a enfrentar a concorrência vinda dos saraus realizados no porão da faculdade: “Era o Sambafo, como os estudantes chamavam aqueles encontros regados a samba e cachaça, e para onde ele passou a arrastar outros músicos da cidade. Esse irmão sempre andou em bando, mas, aos poucos, o bando foi assumindo um perfil mais musical.”

Mas tudo mudaria em 1966.

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

Assine nossa newsletter

Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí