Chico Xavier recebe Bezerra de Menezes
Quando morreu, em 2002, aos 92 anos, havia muito que Chico Xavier fazia parte dos mitos vivos brasileiros. Médium e grande divulgador do espiritismo no Brasil, Xavier morreu envolto numa aura de santidade sustentada por seus inúmeros seguidores. O governador Itamar Franco decretou luto oficial de três dias em Minas Gerais, e o presidente Fernando Henrique Cardoso emitiu nota celebrando a “figura querida e admirada pelo Brasil inteiro”.
Para o menino mineiro de Pedro Leopoldo, que cedo ficou órfão de mãe, foi de fato uma trajetória impressionante. Xavier é ainda hoje, depois de Paulo Coelho e Jorge Amado, o autor brasileiro com o maior número de livros vendidos.
A carta reproduzida nesta página foi escrita de sua cidade natal em 1973 e dirigida a um dentista, de quem agradece a “valiosa cooperação em nossas tarefas”.
Quando morreu, em 2002, aos 92 anos, havia muito que Chico Xavier fazia parte dos mitos vivos brasileiros. Médium e grande divulgador do espiritismo no Brasil, Xavier morreu envolto numa aura de santidade sustentada por seus inúmeros seguidores. O governador Itamar Franco decretou luto oficial de três dias em Minas Gerais, e o presidente Fernando Henrique Cardoso emitiu nota celebrando a “figura querida e admirada pelo Brasil inteiro”.
Para o menino mineiro de Pedro Leopoldo, que cedo ficou órfão de mãe, foi de fato uma trajetória impressionante. Xavier é ainda hoje, depois de Paulo Coelho e Jorge Amado, o autor brasileiro com o maior número de livros vendidos.
A carta reproduzida nesta página foi escrita de sua cidade natal em 1973 e dirigida a um dentista, de quem agradece a “valiosa cooperação em nossas tarefas”. No último dia do ano, manda-lhe, num cartão florido, uma “mensagem ligeira” de boas festas e aconselha o amigo a tratar sua doença com um médico formado, afastando a hipótese de qualquer intervenção não ortodoxa:
“Comunico ao bom amigo que o nosso caro amigo Dr. Bezerra de Menezes, nosso benfeitor espiritual de sempre, é de parecer que o prezado amigo, em seu tratamento, deve atender às diretrizes de seu médico de confiança. Se o seu médico indicar o tratamento cirúrgico, e se o estimado amigo concordar em submeter-se à operação, é aconselhável satisfazer a esta medida, mas sempre subordinando o assunto à sua aprovação, porque é através de sua própria intuição que os amigos espirituais se farão sentir, doando-lhe as inspirações que forem necessárias”.
O “parecer” que Chico Xavier transmite é do Dr. Bezerra de Menezes (1821-1900), já falecido naquela época havia 73 anos, e considerado o grande promotor do espiritismo de Alan Kardec no século XIX no Brasil.
Bezerra de Menezes era tido como um dos principais mentores de Chico Xavier, que se dizia em contato constante com ele. O médium mineiro, provavelmente sabedor de que a gravidade da doença de seu amigo escapava a qualquer tratamento de sua alçada, prefere entregá-lo à medicina oficial com as bênçãos do lendário Dr. Bezerra de Menezes, finalizando sua sugestão com o conselho: “Confiamos na ajuda de Jesus, não é?”
A longa vida de Chico Xavier se passou com a caneta em punho, psicografando dezenas de livros e escrevendo a mão dezenas de milhares de receitas para a multidão que por muitas décadas se aglomerou à sua porta.
É provável que seus manuscritos tenham sempre sido preciosamente conservados por seus detentores como relíquias de um homem santo. Passados de geração em geração, isso talvez explique que sejam bastante raros no pequeno mercado brasileiro de cartas e documentos, muito menos comuns do que a provável abundância de sua produção deixaria supor.
Chico Xavier está ausente de quase todas as coleções de cartas que foram dispersadas nos últimos 30 anos. Um colecionador iugoslavo, estabelecido em São Paulo, conseguiu obter este cartão, que conservou até o início deste século, quando passou às mãos do atual detentor.
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