Paulo da Costa e Silva
Paulo da Costa e Silva é professor de estética no Departamento de História e Teoria da Arte da Universidade Federal do Rio de Janeiro
histórias publicadas
Olho de Peixe – Lenine e Suzano
Considero o Olho de peixe um dos grandes acontecimentos da música brasileira nos anos 1990. Lenine e Marcos Suzano realizaram um álbum de raro equilíbrio, com uma sonoridade acústica muito própria.
Uma canção de Caetano
Quando o galo cantou. Foi esta a canção que mais me agradou no último álbum do Caetano, Abraçaço. A única que eu de fato achei exuberante, simples e excepcional.
João Gilberto entre a natureza e a cultura
Algo há de singular na relação que a música de João Gilberto entretém com o tempo. Já se notou o efeito suspensivo causado por ela, como se aludisse a um tempo ideal, afetivo, que não pode ser mensurado.
O Canto XXII da Odisseia
Os últimos momentos da Odisseia são marcados por um verdadeiro banho de sangue. É no Canto XXII que Ulisses finalmente se vinga daqueles que faziam a corte à sua mulher, a manhosa Penélope. Depois de uma ausência de vinte anos, o herói encontra seu palácio em Ítaca infestado de parasitas que lhe desonram o nome (o bem mais valioso para os gregos) e dilapidam suas posses em meio a banquetes e jogos.
Dire Straits
Fui ouvir o novo CD do Eric Clapton, homenageando J.J. Cale, e topei com uma participação de Mark Knopfler.
Mayra e Júlia
Custo a entender por que Mayra Andrade ainda não conquistou parcelas mais significativas de público entre os brasileiros. Seu nome até que circula bem em determinados nichos, muita gente já topou com ele, mas poucos efetivamente adentraram o universo da jovem cantora do Cabo Verde.
O veneno de Bororó
Das poucas canções que Bororó fez, pelo menos duas são jóias raríssimas. Da Cor do Pecado e Curare foram sucesso do ano nas vozes de Sílvio Caldas e Orlando Silva, nos idos 1939 e 1941. Parcimonioso na composição, desbragado na boemia, Vinícius de Moraes o descreveu, numa crônica, como um sujeito de bigodinho que falava pelos cotovelos.
Brasil, violência, canção
“Quando você gritou mengo, no segundo gol do Zico, tirei sem pensar o cinto e bati até cansar”. Escrita sobre melodia de João Bosco, na segunda metade dos anos 1970, a letra de Aldir Blanc é um primor do politicamente incorreto, e parece algo improvável nos dias de hoje.
Lupicínio faz 100 anos
Tanto quanto Nelson Rodrigues na dramaturgia, Lupicínio explorou com maestria o que há de violento, de monstruoso no universo das paixões.
Tom e Debussy
Em muitas de suas músicas, Tom Jobim cria uma estrutura melódica mínima, baseada em poucas notas que serão repetida sob diferentes caminhos harmônicos. Para que isso funcione bem, para que essas melodias mínimas não percam em impacto emocional, não se tornem pobres, foi preciso que houvesse um desenvolvimento, uma ampliação do uso expressivo dos acordes.