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    Alana Rizzo, João Brant e o editor Guilherme Henrique (Foto: Marcelo Saraiva)

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Como combater as deepfakes

Representantes do YouTube e do governo federal discutiram medidas contra o possível aprofundamento das notícias falsas nas eleições deste ano

Pedro Tavares, de São Paulo | 11 ago 2024_00h17
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A evolução rápida da inteligência artificial representa um desafio a mais para o combate à desinformação nas eleições municipais deste ano, e foi um dos temas debatidos por Alana Rizzo, líder de Políticas Públicas no Youtube, e João Brant, secretário de Políticas Digitais na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, na terceira mesa do Encontros piauí de Jornalismo, neste sábado, em São Paulo.

“O tema das deep fakes é uma das grandes novidades deste ano”, disse Rizzo, em referência a técnicas que permitem usar a voz, o corpo e o rosto de pessoas em fotos e vídeos que simulam falas e situações que nunca viveram. “Todo mundo quer entender essa nova dinâmica e no Youtube nós trouxemos três novidades quanto a isso”, ela explicou, no painel mediado pelo jornalista Guilherme Henrique, editor da revista piauí, no auditório do Instituto Moreira Salles – IMS Paulista. 

A primeira novidade é a orientação que a plataforma faz ao criador de conteúdo para que identifique de alguma forma no seu vídeo que fez uso de inteligência artificial (IA) na criação, seja na legenda ou com um banner no canto superior do vídeo. Caso publique o vídeo sem esse alerta, o conteúdo pode ser removido. A segunda é um rótulo que o próprio Youtube aplica aos vídeos que contêm o que Rizzo chamou de “temas sensíveis”, como eleições, por exemplo, quando identificar o uso de IA. A terceira é um formulário disponibilizado para quem se vê alvo de uma deep fake, tendo sua voz ou imagem mimetizada, e deseja pedir a remoção de conteúdo.

Para o secretário João Brant, uma das vertentes de desinformação mais preocupantes é aquela que desacredita o próprio sistema de votação. “Se eu rompo o laço e a expectativa de confiança das pessoas no processo eleitoral, eu detono um pilar da democracia, porque, no fundo, tudo está baseado em confiança – como por exemplo, a disposição do perdedor em falar: eu perdi”, ilustra. “Acho, por exemplo, que a gente não explica o 8 de janeiro sem ondas de desinformação que aconteceram entre 2020 e 2022”, conclui Brant. 

A secretaria de Políticas Digitais dentro da Secretaria de Comunicação (SECOM), foi criada para ser um “espaço de laboratório”, nas palavras de Brant, um espaço para testar regulação e políticas públicas relacionadas ao ambiente digital. “Nosso objetivo é dar conta de desafios que não existiam. Por isso percebemos que era preciso montar uma secretaria de políticas digitais”, diz. 

Entre as principais frentes de atuação da secretaria, Brant destacou quatro:  fortalecer instrumentos de regulação; criar políticas públicas de sustentabilidade do jornalismo; apostar em ciência e tecnologia; e ter frente de ação internacional (entender problemas que são comuns no mundo inteiro). 

Rizzo disse que, nas eleições presidenciais de 2022, um dos desafios do YouTube era abrigar uma grande diversidade de vozes e de opiniões, garantindo acesso à informação e fortalecendo a construção de um espaço cívico mais plural e democrático. Como forma de orientar essa atuação, a plataforma se baseia em quatro pilares, ou melhor, quatro letras R. Na mesa deste sábado, Rizzo voltou a lembrar desses quatro pilares e reforçou que é uma das formas do Youtube de se organizar no trabalho de combate a desinformação: a remoção de conteúdo (no último trimestre o Youtube removeu mais de oito milhões de vídeos); a recomendação (a plataforma acredita que uma das formas de combate a vídeos problemáticos é indicar conteúdos de qualidade); a redução (Rizzo deu o exemplo de vídeos sobre terraplanismo, que se tornaram menos acessíveis aos usuários, que demoraram mais tempo para encontrá-los); e por último a recompensa para aqueles criadores que eles consideram qualificados e confiáveis.

Mais cedo, nos Encontros piauí, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, conversou com o diretor André Petry e a repórter Consuelo Dieguez sobre os desafios das eleições deste ano; as jornalistas Marina Dias (The Washington Post), Camila Mattoso (Folha de S.Paulo) e Basília Rodrigues (CNN Brasil) debateram os desafios para as mulheres na cobertura política, com apresentação de Catarina Alencastro, gerente de parcerias estratégicas do YouTube; o cientista político André Singer avaliou o momento eleitoral em um painel mediado pelos jornalistas Luigi Mazza, editor da piauí, e Flávia Lima, secretária assistente de Redação para diversidade no jornal Folha de S.Paulo; e os apresentadores do Foro de Teresina debateram as eleições em uma versão ao vivo do podcast.

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