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    O ataque à TC Telévision, em Guayaquil: o Equador se transformou num importante hub de exportação da cocaína, na rota do Pacífico. O lucro no transporte da mercadoria ultrapassa 1.500% CRÉDITO: CORTESIA TC/HANDOUT VIA REUTERS_2024

questões latino-americanas

Como o narcotráfico ameaça a democracia do Equador

Depois de tornar-se um hub de exportação de cocaína, o país está agora duelando com 22 organizações criminosas

Mónica Almeida | 20 mar 2024_08h34
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O início de 2024 não foi uma época normal no Equador. Em 7 de janeiro, domingo, o temido narcotraficante José Adolfo Macías Villamar escapou do Presídio Regional de Guayaquil, um dos maiores do país. No dia seguinte, uma onda de rebeliões se espalhou por seis prisões equatorianas, disseminando o caos no sistema penitenciário e mantendo os agentes da Polícia Nacional ocupados durante a escapada de Macías.

Fora dos presídios, em várias cidades, criminosos sequestraram policiais, incendiaram veículos e fizeram explosões. O país entrou em pânico. No mesmo dia 8, o presidente Daniel Noboa assinou um decreto de estado de exceção, com vigência de sessenta dias, restringindo o movimento para a maioria dos cidadãos das 23 horas às 5 horas e decretando uma zona de segurança no perímetro de 1 km em torno dos presídios.

A medida de Noboa causou certa tranquilidade na população. Mas a calma durou pouco. Na tarde de 9 de janeiro, a rede estatal TC Televisión estava transmitindo seu jornal local em Guayaquil quando um grupo de jovens armados entrou nos estúdios com granadas, bananas de dinamite e armas de fogo. A invasão ocorreu sem resistência das pessoas que trabalhavam no local, de onde ninguém conseguiu escapar – e tudo foi transmitido ao vivo.

Quase na mesma hora da invasão à TC Televisión, outro grupo fortemente armado atacou as instalações do Centro Comercial Albán Borja, um shopping em Guayaquil, provocando várias explosões. Dois guardas do shopping foram mortos e duas mulheres, feridas. Durante a fuga do grupo, houve troca de tiros com a polícia, e mais duas pessoas morreram, entre elas um conhecido cantor do país, Diego Gallardo, que tinha ido buscar o filho na escola.

Nesse mesmo dia aflitivo e perigoso, o presidente Noboa decidiu assinar um novo decreto, o 111, que diz haver um “conflito armado interno” no Equador e convoca as Forças Armadas para enfrentarem 22 organizações criminosas que atuam no país, que são no documento classificadas como terroristas, informa Mónica Almeida, de Quito, na edição deste mês da piauí.

As medidas têm contado com o apoio da população, que está exausta de tantos crimes. E, até agora, Noboa não manifestou nenhuma inclinação autoritária, à maneira do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que tem combatido o crime em seu país passando por cima das leis e dos direitos humanos.

O Equador se transformou num importante hub de exportação da droga produzida na Colômbia e no Peru. De acordo com especialistas, o lucro no transporte da mercadoria ultrapassa 1.500%. Os cartéis mexicanos, que se impuseram sobre os colombianos, usam os portos equatorianos para suas exportações destinadas à Costa Oeste dos Estados Unidos, à Ásia e à Europa (via Canal do Panamá).

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.

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