Anabel Hernández construiu sua carreira investigando crimes e abusos dentro e fora do governo do México. Em um país onde profissionais de mídia vivem sob constante perigo – são mais de cem assassinatos e desaparecimentos desde o ano 2000 segundo o –, suas reportagens e livros destrincharam as relações de poder entre autoridades e narcotraficantes.

O primeiro trabalho de grande reconhecimento de Hernández foi sua reportagem sobre o toallagate, em 2001, que lhe rendeu o Premio Nacional de Periodismo daquele ano. Ela divulgou os altos valores pagos na mobília da residência presidencial durante a administração de Vicente Fox (2000-2006) – as compras incluíam toalhas de 400 dólares cada –, causando as demissões de um assessor direto do presidente e de outros três membros de seu staff. Hernández também foi premiada pela UNICEF, em 2003, por suas investigações sobre os casos de exploração sexual de meninas na fronteira dos Estados Unidos com o México.

Em seu mais recente livro – Los Señores del Narco, publicado em 2010 –,  Hernández apurou as conexões entre a CIA, os principais narcotraficantes mexicanos e o governo do país. Na obra, a jornalista acusou o então secretário de Segurança Pública do México, Genaro García Luna, de colaborar com Joaquin Guzmán Loera, líder do Cartel de Sinaloa. No ano seguinte, Hernández contou ao Canal del Congreso que Luna teria encomendado seu assassinato a policiais da Agência Federal de Investigação em resposta à acusação.

A mesa será mediada por Simon Romero, correspondente do NYT no Brasil, e pela repórter Carol Pires, da revista piauí.

Mais: Leia o perfil de Hernández publicado na The New York Times Magazine