A equipe na Transamazônica, em 1978: Cacá Diegues à frente, de óculos escuros, Escorel na câmera e Wilker na janela do caminhão CRÉDITO: ADEMIR SILVA E SILVA_1978
Diretor de fotografia relembra os bastidores de Bye bye Brasil
Histórias do filme mais importante do cineasta Cacá Diegues, que morreu em fevereiro
José Wilker e Fábio Barreto se perderam enquanto passeavam à noite pelo Rio Xingu, na Amazônia. Uma locação pegou fogo em Belém. Um aparelho de televisão explodiu sobre a plateia numa praça de Murici, pequena cidade alagoana. Fábio Jr, que cantava Roberto Carlos durante as folgas, contraiu hepatite. Na piauí deste mês, Lauro Escorel relembra os bastidores de Bye bye Brasil, o filme mais importante de Cacá Diegues, cineasta que morreu em fevereiro. O longa-metragem conta a história da Caravana Rolidei, um grupo de artistas mambembes que circulava de caminhão pelo país. Wilker e Betty Faria interpretaram Lorde Cigano e Salomé, os protagonistas da trama. Fábio Jr. fez o papel do sanfoneiro Ciço, e Escorel assinou a direção de fotografia.
Rodado entre dezembro de 1978 e abril de 1979, o filme retrata lugarejos das regiões Norte e Nordeste em que as antenas de tevê ainda não imperavam. Escorel tinha 28 anos quando Diegues o convidou para participar do projeto. “Nosso comboio saiu do Rio de Janeiro e percorreu milhares de quilômetros até o Pará, onde as filmagens começariam. Era formado por quatro caminhões. Três carregavam equipamentos, figurinos e material cenográfico. O quarto, um Fiat verde, iria transportar os artistas mambembes em cena. Embora novíssimo, dava a impressão de cair aos pedaços devido à engenhosidade dos cenógrafos”, escreve o diretor de fotografia.
Escorel conta que, no decorrer de todo o trabalho, nunca viu Diegues perder a paciência. “Ele falava sempre em voz baixa. Na véspera das filmagens, ensaiava os atores e explicava ao resto da equipe como gostaria que as cenas ficassem. Esperava com paciência até que todos se posicionassem no set e dizia: ‘Ação!’ Nossas diárias raramente duravam mais do que oito horas.”
Quando assistiu pela primeira vez à projeção de parte do material já filmado, Escorel levou um susto. “Foi numa sala de cinema em Belém, logo após a última sessão. As imagens pareciam desfocadas. Saí abatido da exibição. Cacá se aproximou e me garantiu que estava tudo em ordem: ‘Relaxe! O projetor daqui é ruim…’” Bye bye Brasil estreou em fevereiro de 1980 e se tornou um clássico do cinema nacional.
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