Duque de Caxias está cansado

Luis Alves de Lima e Silva, muito mais conhecido no Brasil como o Duque de Caxias, é tido como a maior figura de nossa história militar. Seu papel foi fundamental em quase todas as campanhas importantes do século XIX, desde a Revolução Farroupilha até a Guerra do Paraguai.

À medida que seus feitos tornavam-no cada vez mais indispensável ao Império como chefe militar, Caxias era promovido não somente no exército como também na hierarquia da nobreza brasileira. Foi feito sucessivamente por decreto do Imperador D. Pedro II, Barão, Conde, Marquês e Duque de Caxias, com poucos anos de intervalo entre cada nova honraria, e a cada novo título correspondia uma nova assinatura. Seu título de Duque foi o único concedido durante todo o Império.

A carta reproduzida nesta página tem grande poder de evocação, e pode ter sido escrita quase sobre a perna no momento mais crucial da Guerra do Paraguai. Caxias dirige-se ao general Caldwell, outro chefe militar que participava com ele do cerco à fortaleza de Humaitá, talvez o episódio mais famoso de toda a Guerra do Paraguai.

A carta merece ser transcrita na sua integralidade da grafia da época:
 

“Exmo. Amigo

Curupaety 30 de Março

Estimarei que esteja bom e mais descançado do que eu que a 5 dias não tiro as botas, pois tenho trazido o inimigo todo para dentro da Fortaleza do Umaitá, aonde o tenho enserrado, depois da fuga do Lopes; e se nestes 15 dias não se renderem assalto a Fortaleza, custe o que custar. Rogo-lhe o favor de remeter essa carta a Marqueza.

Seu amigo e camarada

M. de Caxias”

Caxias escreveu numerosas cartas nas diversas funções que exerceu, mas muito poucas tão concisas e diretas como esta que transite em poucas linhas toda dramaticidade do momento histórico que vivia.