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    ILUSTRAÇÃO DE PAULA CARDOSO

questões de mídia e política

“Embaixador”, Eduardo Bolsonaro triplica de tamanho no Twitter

Zero Três é agora o filho mais citado na rede; entre parlamentares, Carla Zambelli se destaca

Luigi Mazza | 09 ago 2019_13h07
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A provável indicação para o cargo de embaixador do Brasil no Estados Unidos, as críticas por nepotismo e os hambúrgueres do Maine fizeram o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) decolar no Twitter. Em julho, as menções ao filho 03 do presidente Jair Bolsonaro quase triplicaram na comparação com o mês anterior. Foram, ao todo, 2,3 milhões de citações, que fizeram dele o personagem do governo mais mencionado na rede social em julho – atrás apenas do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro. O número de menções a Eduardo Bolsonaro no Twitter foi o maior já atingido por um filho do presidente desde o início do ano. Superou até mesmo as citações ao primogênito, o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), que em janeiro foi mencionado 2,2 milhões de vezes em meio às investigações sobre seu ex-assessor, Fabrício Queiroz. Os dados foram compilados pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP-FGV), que, a pedido da piauí, monitora as citações a políticos ligados ao governo no Twitter.

No dia 11 de julho, Bolsonaro afirmou pela primeira vez que indicaria Eduardo para o posto na Embaixada, cargo mais importante da diplomacia brasileira no exterior. A declaração acarretou críticas de que o presidente estaria tentando favorecer o filho. Eduardo saiu em defesa própria. “Sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine.” O assunto polarizou as redes e alavancou hashtags como #EmbaixariaBrasileira.

As menções a Eduardo no Twitter já vinham em tendência de crescimento desde abril. Somando as interações do ano inteiro, Eduardo ficava atrás de Flavio e Carlos até o mês de junho. Agora, o 03 ultrapassou os dois irmãos e assumiu o segundo lugar no ranking dos bolsonaristas mais citados nessa rede social em 2019 – de novo, o ministro Moro é o primeiro no acumulado do ano.

Os dados compilados pela Dapp mostram que, dos filhos do presidente, Eduardo e Carlos são os principais mobilizadores do governo no Twitter. Embora Flavio apareça em posição de destaque na lista dos mais citados, tem pouco protagonismo ativo na rede. O 01 é muito citado ainda em decorrência do caso Queiroz, mas, diferentemente de seus irmãos, tem poucos retuítes e não serve como polo aglutinador da direita. Em geral, na rede social, quanto maior o número de retuítes, maior o potencial de alcance.

Além dos filhos do presidente, estão no topo da lista de menções os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Educação, Abraham Weintraub. Este último, que até o início de abril era um ilustre anônimo para o grande público, teve um pico em maio e depois recuou, mas se mantém como um dos bolsonaristas mais citados na rede social. Está num patamar semelhante ao de Guedes, que vem sendo cada vez menos citado no Twitter desde abril. O ministro da Economia, além de perder o protagonismo na tramitação da reforma da Previdência, tem visto a pauta econômica do governo se diluir em meio a outras polêmicas.

Made with Flourish

O ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça, segue como o bolsonarista mais citado no Twitter em 2019. Moro teve 6,3 milhões de citações no Twitter em julho. Foi um volume 32% menor que o do mês anterior – quando teve início a publicação das conversas vazadas da Operação Lava Jato pelo site The Intercept Brasil –, mas Moro continua isolado na liderança. Desde janeiro, foi citado 21,3 milhões de vezes, mais que os três filhos de Bolsonaro somados. Continua sendo o personagem do governo com maior visibilidade na rede social depois do presidente.

A novidade do ranking é a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) – que, à exceção dos filhos do presidente, é a única bolsonarista do Legislativo a figurar entre os dez mais citados do Twitter. A parlamentar teve 766 mil menções na rede social em julho e, no acumulado do ano, desbancou até o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. 

O general Mourão saiu de cena em maio, após ter sido abertamente criticado pelo vereador Carlos Bolsonaro. Em abril, havia registrado 532 mil menções; em junho e julho, ficou com pouco mais de 100 mil menções. Outro que encolheu de tamanho no Twitter nos últimos dois meses foi Olavo de Carvalho, polemista que tem influência sobre os seguidores de Bolsonaro. O guru teve um pico em maio, com 1,2 milhão de menções na rede, e em julho caiu para 332 mil.

No acumulado do ano, Olavo tem quase o mesmo patamar de menções que Zambelli. Fundadora e líder do movimento Nas Ruas, a deputada também figura entre os governistas mais retuitados. Em junho, alcançou 192 mil retuítes e ficou atrás apenas de Bolsonaro nesse quesito. No mês seguinte, julho, a parlamentar ficou na cola do presidente, do ministro Sergio Moro e dos irmãos Eduardo e Carlos.

Além de ser uma importante influenciadora da direita, Zambelli ganha visibilidade em discussões com outros bolsonaristas. Em meados de maio, entrou em rota de colisão com sua correligionária e líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). As duas trocaram farpas, via Twitter, sobre a atuação da bancada do PSL na votação da MP 870, que reconfigurou a estrutura dos ministérios. “A MP 870 sofreu grave ataque na comissão, e pergunto: a líder @joicehasselmann não fala nada disso em suas redes, pq?”, tuitou Zambelli, na época. O caso repercutiu por dias.

Mais recentemente, a parlamentar se desentendeu com outro correligionário, Alexandre Frota (PSL-SP). O deputado vem fazendo críticas duras ao governo Bolsonaro, e nesta semana se absteve de votar o segundo turno da reforma da Previdência na Câmara. Zambelli acusou Frota de “hipocrisia”, e o deputado reagiu: “Duas caras a essa altura não dá. Cuida da vidinha seja feliz e me esqueça.” Na última quarta-feira, 7, Zambelli protocolou um pedido de expulsão contra Frota no Diretório Nacional do PSL.

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