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    José Henrique Bortoluci: “Me lanço nesse projeto de compor um quadro de uma ‘geração democracia’ como se buscasse uma espécie de bote salva-vidas em meio à tempestade dos últimos anos” CRÉDITO: VICTOR MORIYAMA_2025

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Escritor reflete sobre a “Geração Democracia”

Dossiê traz depoimentos colhidos por José Henrique Bortoluci, que também é sociólogo

José Henrique Bortoluci | 19 maio 2025_11h05
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A piauí inicia neste mês a publicação do dossiê Geração Democracia, escrito pelo sociólogo e escritor José Henrique Bortoluci. Ele é autor de O que é meu, traduzido para mais de dez idiomas e ganhador do Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, de 2023, na categoria ensaio.

No dossiê, Bortoluci, de 40 anos, reflete sobre a experiência política de sua geração, que cresceu ao mesmo tempo em que se construía a democracia no Brasil, depois da ditadura militar (entre 1964 a 1985). “Somos uma geração sem a construção de uma Brasília, sem uma guerra na qual nos alistarmos, sem as esperanças revolucionárias de outras décadas, sem uma ditadura, uma geração que observa a onda de protestos mundiais no fim dos nossos vinte anos ser seguida pelo renascimento da extrema direita em quase todo o mundo, ao longo de nossa quarta década de vida. Uma geração em que a conquista da democracia é ponto de partida, e não de chegada”, escreve o sociólogo.

Ele também colheu depoimentos de pessoas de diferentes classes sociais, gêneros e profissões sobre como vivem a política e enfrentam os impasses do dia a dia. “A democracia também se assenta em memórias”, observa Bortoluci. “A recente experiência brasileira, em que o cotidiano e nossos sentimentos se politizaram intensamente, mostra que a democracia vai além de instituições, leis e rituais de escolha de governantes. Ela inclui a experiência cotidiana das pessoas, que depende da lembrança e da construção de narrativas para além de nossas histórias individuais e familiares.”

No primeiro texto, A promessa e o corre, ele conversa com Patricia Xavier, que nasceu em 1984 e vive no Capão Redondo, na periferia de São Paulo. “É uma mulher negra, mãe solo de três filhos e empreendedora: faz bolos e doces para festas, dá aulas online de confeitaria, participa de feiras para promover seu trabalho e se conectar com outras mulheres empreendedoras”, descreve Bortoluci. “Sua vida é um incessante ‘corre’ – uma palavra que, como poucas, fornece uma chave de acesso ao cotidiano da maioria dos brasileiros. Para tantos de nós, vida e corre se confundem. Corre e sonho também costumam andar juntos.”

Patrícia Xavier conta sobre seu cotidiano e seu projeto de vida. “Somos mulheres periféricas indo atrás do estudo, buscando oportunidades. Para mim, empreendedorismo é uma forma de militância. Eu não tive mulheres que me inspiraram. Nenhuma mulher da minha família é empreendedora. Só tem eu, até hoje. Eu não tenho como trabalhar CLT. A minha realidade hoje não me permite sair e ficar doze horas fora de casa”, ela diz. “Eu sou uma pessoa que quer estar próxima de quem vota. Mas, infelizmente, não são todos em quem eu voto que conseguem ser eleitos. Então, o empreendedorismo vem também para ajudar a gente nesses casos. Porque a gente tem que fazer o nosso. Acabo indo atrás de empreender e de ensinar outras mulheres a fazerem o delas. E, se eu pudesse mudar uma coisa, criaria uma lei para que as mães tivessem direito a um auxílio, e que esse auxílio não pudesse ser tirado delas, para que elas pudessem ficar em cima do estudo dessas crianças, para que não houvesse a evasão escolar.”

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

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