INTERVENÇÃO DE PAULA CARDOSO EM FOTO DE ADRIANO VIZONI/FOLHAPRESS
Haddad atribui crescimento de Bolsonaro ao WhatsApp
Petista acusa rival de propagar conteúdo “falso e vulgar” contra ele e sua família; PSL afirma que mensagens são divulgadas pelo próprio PT
Candidato a presidente pelo PT, Fernando Haddad disse que está “muito preocupado” com a propagação de mensagens e fotos via WhatsApp que, segundo ele, afetam diretamente sua imagem e a do partido. “Parece que a campanha do Bolsonaro está agindo com fake news contra minha família e minha atuação como ministro. São acusações muito, muito vulgares, com imagens vulgares”, disse o candidato, em um evento de campanha em São Paulo nesta quarta-feira. Haddad citou como exemplo mensagens com conteúdo violento, misógino e homofóbico, divulgado em grupos que ele identificou com o “discurso de campanha de Bolsonaro”.
O petista disse que pretende identificar propagadores das mensagens e responsabilizou o rival. “Estamos fazendo uma corrida de gato e rato, em função do que Bolsonaro está fazendo”, disse o candidato. Procurado pela piauí, o assessor de imprensa de Bolsonaro, Valdir Ferraz disse que o candidato do PSL está preocupado “somente com sua campanha” e que as postagens “devem ser produção da própria campanha de Haddad”.
No evento de campanha, Haddad atribuiu à proliferação desse tipo de conteúdo o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto desta semana. O petista afirmou que as imagens afetam principalmente eleitores mulheres e pobres. “Sim, isso está fazendo alguma pequena diferença porque são milhões de mensagens com mulheres nuas, crianças sendo abusadas, coisas gritantes mesmo”, disse Haddad. Ele não detalhou o conteúdo a que se referia e disse que, junto com algumas imagens, havia “referência a sua família e sua atuação como ministro”.
A piauí acompanha sete grupos de WhatsApp de simpatizantes de Bolsonaro, nos quais de fato circulam imagens fortes, com o slogan “O Brasil que eu não quero. Presidente Bolsonaro 17”. Uma dessas fotos é uma montagem da candidata a vice de Haddad, Manuela D’Ávila, como se estivesse sob efeito de drogas. Referências ao movimento #EleNão aparecem com imagens de mulheres seminuas com os dizeres escritos pelo corpo. “Amostra grátis do que não quero para minha filha”, afirmou um participante. As imagens, no entanto, não têm provocado muitos comentários nos grupos.
Muitas mensagens são conservadoras, com críticas feitas até a imagens sexy de mulheres usando a camiseta de Bolsonaro. Também foi repassada em um desses grupos a foto de uma mulher segurando um barbeador, com os dizeres “Ele sim”. O contexto dos grupos é geralmente o do “nós contra eles”.
No Facebook, um texto viralizou esta semana ao tratar de mensagens que circulam em grupos de apoiadores do candidato do PSL. O autor afirma que “analistas estão errando feio” por desconhecerem “o que ocorre no subterrâneo de muitos grupos de zap que apoiam Bolsonaro”. Para o autor, que se identifica como Vandson Holanda, os grupos são administrados por “profissionais de marketing digital” que, sem se identificar como tais, incentivam o compartilhamento de conteúdo falso contra o adversário de Bolsonaro, principalmente o PT.
No evento em São Paulo, Haddad afirmou que a estratégia da campanha petista será a de pedir às pessoas que compartilhem imagens recebidas pelo WhatsApp com a campanha petista, numa tentativa de identificar os disseminadores das mensagens. Também nesta quarta-feira, a uma rádio de Pernambuco, o candidato disse ter pedido ao TSE a retirada de algumas imagens. “Mas o WhatsApp não é público como outras redes, então é muito difícil”, afirmou à rádio. “WhatsApp é coisa de covarde. A quantidade de mentiras que ele [Bolsonaro] espalha pelas redes sociais é porque não é corajoso. Se ele fosse corajoso, como diz que é, falava olho no olho”.
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