14ago2015 | 18h00 | Cultura

Erramos (e muito)

A+ A- A

Prezados Leitores,

Foi com surpresa e encanto que recebemos ontem uma missiva do senhor Boris Estrabão, cujo nome não soará estranho aos elementos mais eruditos e civilizados dentre vós. Conhecido principalmente por seus rumorosos enlaces românticos com Glória Magadan, Bianca Castafiori, as duas Margarets (princesa d’Inglaterra e Thatcher, dizem que simultaneamente) e a babá de Gisele Bündchen, o senhor Estrabão vem há décadas circulando pelos salões mais elegantes do país onde verte com munificência seus deliciosos predicados intelectuais. Leitor atento de Empédocles e Manoel de Barros, o homem é um mestre do dito espirituoso e da metáfora organo-rebarbativa que deleita as adolescentes sensíveis. Não há quem negue que, a seu modo, o senhor Boris Estrabão vem fazendo a sua parte pela pátria educadora.

Pois foi exatamente com este espírito pedagógico que o senhor Estrabão pegou da pena para redigir a sua epístola. Diz acertadamente o mestre que a fotografia que ilustra o nosso artigo de fundo Madame Poças Leitão Lança Aula de Dança Anti-PT, texto agudo que desde já é considerado por muitos como forte candidato ao prêmio Pulitzer, não se refere ao dito curso de Madame Poças Leitão, mas a um espetáculo internacional intitulado No Compasso da Dança. Não só é verdade, como posso atestar que, tendo tido o privilégio de cavar duas entradas com o cunhado do melhor amigo do produtor, desde que deixei o teatro não consigo ver a minha esposa sem cairmos num passo arretado de lindy hop ou de salsa. O que, é forçoso admitir, tem causado certo estranhamento no supermercado e na casa lotérica, para não dizer no elevador do prédio.

Antes de passarmos a palavra para o senhor Estrabão, nos apressamos em informar que Pixuca (foto acima), o editor de imagem do piauí Herald, um rapaz de Lins de Vasconcelos que, aos sete anos (caminhando para oito), órfão, já devia ter amadurecido na profissão, foi sumariamente demitido por justa causa e sem direito a benefícios. Caso se faça necessário, será um prazer repassarmos a quem de direito todos os dados relativos ao vil personagem. Não consta que o senhor Estrebão seja movido por instinto litigante. Ainda assim, se o processo for inevitável, hipotecamos-lhe toda a nossa indignação.

Atenciosamente,

Olegário Ribamar

SOBRE “MADAME POÇAS LEITÃO LANÇA AULA DE DANÇA ANTI-PT”

Caríssimo Olegário Ribamar,

O país eduardocunha-se e conto com sua profilaxia para defender-me quando acontecer a tomada da pastilha para emagrecimento. Aos gritos de “Morte à gordura!” as tropas dos que leem sem entender picas avançam. Como há Mários que vêm para o bem, responderemos com “Morte às adiposidades cerebrais!”. Infelizmente, para tratar essas banhas localizadas não existem pastilhas. Como se isso fosse pouco, os xaropes da direita strogonoff fritam coxinhas que mandam seus gazes diretamente para o cérebro da paulicéia constipada. Os comunistas do dr. Roberto já estão no céu e os comunistas contra o dr. Roberto passaram para a direita strogonoff, que tomou o poder nas folhas. Lambem os beiços com a única coisa que restou do seu passado radical, isto é, strogonoff, e dizem que velhos são os outros. Pelo menos se entendem bem com os coxinhas, pois discutem política como quem discute moda, achando que suas teses são fashion. Daí, que a única esperança é que as tropas do golpismo democrático se satisfaçam com as aulas de ballet de Madame Poças Leitão, no Clube Atlético Paulistano.

Caríssimo, na verdade escrevo para cobrar os direitos autorais da foto publicada nesse importante órgão meia-bomba da imprensa, como divulgação do dito curso. Faço isso como eia, pois, advogado deles, e professor da USP, Universidade Superior de Pequim, com pós-graduação na Lapa, Rio de Janeiro. A foto, em cuja legenda se lê uma dançarina de vermelho simula a instabilidade de Dilma, na verdade, é de um espetáculo internacional, de artistas como o uruguaio Felisberto Hernandez, o americano John Cage e brasileiros cuíca búlgaros. Quem eu devo processar e de quem cobrar os direitos? Do colunista ou do marqueteiro Almir Badaró, vestido de azul, amarelo e branco, em novo movimento de instabilidade de caráter? Como aprendi em retiro espiritual na ESG, Entidade dos Santos Guias, a bunda, digo abunda jurisprudência que se aplica a casos desse tipo ou tipos como o desse caso.

Boris Estrabão