Em artigo sobre “Ilha do medo”, publicado no “Financial Times” em outubro do ano passado, e republicado, em versão resumida, no caderno “mais” da “Folha de S.Paulo” (para assinantes), em dezembro, Simon Schama define o filme dirigido por Martin Scorsese como sendo “um triunfo do que poderíamos chamar de entretenimento pesado.” E completa: “mas só no sentido que trechos de ‘King Lear’ também são.” "> “Ilha do medo” – Teddy Daniels não sabe aonde está - revista piauí
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“Ilha do medo” – Teddy Daniels não sabe aonde está

Em artigo sobre “Ilha do medo”, publicado no “Financial Times” em outubro do ano passado, e republicado, em versão resumida, no caderno “mais” da “Folha de S.Paulo” (para assinantes), em dezembro, Simon Schama define o filme dirigido por Martin Scorsese como sendo “um triunfo do que poderíamos chamar de entretenimento pesado.” E completa: “mas só no sentido que trechos de ‘King Lear’ também são.” 

| 19 mar 2010_17h07
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Em artigo sobre , publicado no “Financial Times” em outubro do ano passado, e republicado, em versão resumida, no caderno “mais” da “Folha de S.Paulo” (para assinantes), em dezembro, Simon Schama define o filme dirigido por Martin Scorsese como sendo “um triunfo do que poderíamos chamar de entretenimento pesado.” E completa: “mas só no sentido que trechos de ‘King Lear’ também são.”

Algumas críticas ao filme levariam a pensar que o comentário de Simon Schama foi escrito em pleno delírio. Não creio ter sido o caso. Segundo o historiador, depois de uma semana de filmagem, Martin Scorsese percebeu que para dar conta das “camadas diabolicamente complicadas da história de Lehane” estava diante do desafio de fazer três filmes ao mesmo tempo.  Recorrendo à sua “memória enciclopédica da história do cinema” buscou inspiração nos filmes de Jacques Tourneur, citando especificamente “Sangue de pantera”, “Fuga do Passado” e “I walked with a Zombie” (cujo título em português não sei).

“Gosto de ver ‘Fuga do passado’ várias vezes”, declarou Martin Scorsese, “por que nunca sei bem aonde estou, qual é o começo, o meio ou o fim. Projetei o filme para Leo e os outros atores apenas para mostrar a sensação de um personagem que não sabe aonde está em um momento determinado, tentando decifrar qual é esse lugar a cada cena.” (Terrence Rafferty, “Cue the Director’s Adrenaline”, 7 de fevereiro de 2010, “The New York Times”).

Antes da filmagem, Martin Scorsese também mostrou ao elenco e à equipe “Laura” e “Um corpo que cai”, filmes sobre “detetives obcecados reconciliando-se consigo mesmos através das suas investigações”, declarou Leonardo DiCaprio no artigo citado acima de Terrence Rafferty.

Assim, não parece ser o caso de falar em “pilhagem” e “centenas de clichês”, como faz Anthony Lane, na “The New Yorker” de 1º de março. Ele mesmo reconhece que “o resultado tem um tremendo estilo próprio.” Em , o que Martin Scorsese fez foi recriar a atmosfera de certos filmes feitos nos anos cinquenta, opção adequada para uma história que se passa em 1954, época na qual Martin Scorsese diz que “talvez esteja preso”. “Ele pode ou não estar preso nos anos cinquenta”, escreve Terrence Rafferty, “mas para ele essa é sempre, de um jeito ou de outro, uma época de ansiedade.”

O roteiro, escrito por Laeta Kalogridis, é uma adaptação bastante fiel do best-seller “Shutter Island”, de Dennis Lehane, publicado no Brasil como “Paciente 67” (Companhia das Letras, 2003), título que na versão original dá nome ao terceiro dos quatro dias em que a narrativa é dividida, depois de um breve prólogo.

A maior parte da filmagem foi feita em um hospital psiquiátrico abandonado, aonde ainda foram encontradas as macas originais. “Você entra e pode sentir a perturbação”, declarou Martin Scorsese a Simon Schama. O lugar dava “a sensação de uma armadilha, um labirinto – um labirinto mental, que é o que eu queria.”

Antes da estréia, Martin Scorsese declarou que talvez não soubesse fazer entretenimento – “O filme sempre parece se tornar outra coisa.” O sucesso comercial nos Estados Unidos e no Brasil indica que ele não avaliou bem seus próprios dotes. Em exibição, nos EUA, em mais de 3 mil cinemas, há quatro semanas, já rendeu mais de US$ 100 milhões; e no primeiro fim de semana em cartaz, no Brasil, segundo dados do “Boletim Filme B”, em 180 salas, foi visto por mais de 190 mil espectadores.

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Ainda não sei o que a Thais e o Nilton acharam de . Vou averiguar e dependendo da reação deles espero voltar a comentar o filme.