Um Fla-Flu e a cesariana em debate
| Edição 154, Julho 2019
A FLORESTA FICARÁ DE PÉ?
É bom ver que temos um ministro do Meio Ambiente pragmático, com os pés no chão e que olha para nosso atraso básico (“O meio ambiente como estorvo”, piauí_153, junho). Se faz urgente priorizar a definição de políticas eficazes para que seja universalizado o tratamento de esgoto. No momento, os debates e medidas sobre o aquecimento global devem ser mais focados nas academias e, sobretudo, na diplomacia.
MARCOS PICCININ_JOINVILLE/SC
Muitas são as discordâncias a respeito da posição que a piauí deve (ou não) tomar diante do governo que temos (ou merecemos) em 2019. A edição de junho é um exemplo certeiro. O texto de Bernardo Esteves (“O meio ambiente como estorvo”) revela o setor que de fato funciona nesse governo, aquele que é eficiente em sucatear conselhos, exonerar superintendentes e arquitetar uma estratégia de destruição do meio ambiente. Uma matéria que se encaixa perfeitamente no texto “Desastres em cascata” (piauí_153, junho), de David Wallace–Wells, no qual fica explícito o ponto sem retorno a que chegamos em condições climáticas.
No mais, quero parabenizá-los pela qualidade e por serem o único veículo que mostra as histórias que passam despercebidas. Não encontrei qualquer outra fonte no Brasil que falasse a respeito do recentemente (suposto) descoberto quadro de Rembrandt (“Rembrandt no sangue”, piauí_153, junho). A edição foi bastante longa (algo que costuma ocorrer em outubro, em comemoração ao aniversário da revista), mas o feriado no mês concedeu algumas horas a mais de leitura. Foi intencional?
LEONARDO CADIÑANOS_PORTO ALEGRE/RS
NOTA SINCERA DA REDAÇÃO: Quem dera alguma coisa nesta revista fosse intencional, Leonardo.
É falsa a ideia difundida pelas milícias preservacionistas de que o agronegócio no Brasil é uma atividade praticada por “ruralistas” ou latifundiários motosserradores obcecados em degradar o meio ambiente, cegos pela ganância de auferir lucros cada vez maiores. A grande maioria dos agricultores e pecuaristas, entre os quais me incluo, é a maior interessada em cuidar das nascentes, matas ciliares, prevenção de erosão e tudo o que diz respeito à preservação da parte do meio ambiente da qual tira seu sustento. Questão de sobrevivência.
LUÍS ROBERTO N. FERREIRA_SANTOS/SP
No mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, Bernardo Esteves fez uma matéria de profundo fôlego sobre o cinzento cenário dessa área no Brasil. Conseguiu correlacionar os aspectos legais, econômicos e políticos envolvidos, realçando a inépcia do governo para lidar com todos eles. O texto revela que o modus operandi para a questão ambiental é o mesmo do restante estabelecido em Brasília, baseado em mentiras e ignorância, colocando o tubarão para cuidar dos peixes e na falta de equilíbrio – que em química aprendemos ser dinâmico. Os verdadeiros trilhões perdidos com essas patacoadas fazem do suposto trilhão do Paulo Guedes uma piada de “mau gasto” – com o devido trocadilho.
ADILSON ROBERTO GONÇALVES_CAMPINAS/SP
Povo louco o desse governo! Tudo vilão de filme de gente que quer acabar com a natureza para ficar com o dinheiro. Um horror o que estamos vivendo. Espero que esse seja o fundo do poço, porque se piorar ainda mais, nem sei aonde vamos chegar com tanta incompetência e maldade.
ELISA BOTELHO_VIA INSTAGRAM
Vontade nenhuma de ter filhos. O que eu vou deixar para eles senão um planeta nos moldes da série Mad Max? Faço a minha parte, mas e os outros? E os governos inoperantes?
FRANCIS BARROZO_VIA INSTAGRAM
PARIR DE CÓCORAS
Vanessa Barbara (“De cócoras no país da cesárea”, piauí_152, maio) acerta ao colocar na conta da criatividade as desculpas inventadas por obstetras para o excesso de cesarianas feitas no Brasil. Achar obstetras que nos apoiem em um parto normal, como vimos no artigo, requer jogo de cintura e um pouco de sorte. A relação obstetra-grávida está medicalizada; foi embutida uma hierarquia em que obstetras são médicos que fazem intervenções, com centro de poder longe do corpo da mulher. Mas não seria importante refletirmos sobre o fato de que tantas mulheres acabam aceitando as desculpas criativas e se submetem ao procedimento? Por que a nossa decisão é a de nos deixarmos levar pelo obstetra? Já disse Dominic Barter, consultor em comunicação não violenta, que no Brasil temos medo de conflito. Eu diria que na verdade temos pavor, fazemos de tudo para acomodar as arbitrariedades micro e macro evitando ir à raiz dos problemas (vide o “Não fui eu”, de “Anotações de uma pichação”, piauí_139, abril 2018). Quando ficamos grávidas e abrimos mão do nosso desejo e direito a partos normais, mostramos a face complacente aos azares de nascer no Brasil.
TECA GALVÃO_RIO DE JANEIRO/RJ
Estou chocada com a matéria da Vanessa Barbara. Maravilhosa a forma como essa mulher escreve. Me deixou um pouco inconsolável sobre o mundo em que vivemos, mas também me proporcionou boas risadas. A história do parto dela é hilária e as informações que ela traz sobre obstetrícia no Brasil são impressionantes. Fiquei imaginando uma edição da série Igualdades [página especial do site da piauí] com os dados apresentados.
LORIEN MAITÊ MOISYN_CURITIBA/PR
Deixem as mulheres em paz. Cada uma sabe de si, de seu corpo, de seus limites. Cada gestação é uma, cada mulher é diferente, gravidez e parto não são receita de pão francês, trata-se de uma receita pessoal. Todo tipo de parto tem riscos. O momento é da mulher. Deixem as famílias decidirem suas vidas em paz.
CRIS FEITOSA_VIA FACEBOOK
Ótima matéria. Acrescentaria que não apenas o corpo da mãe trabalha para o parto, também o bebê está envolvido nesse processo. Há nele uma pulsão para o nascimento e seus movimentos seguem essa cadência. Isso também é mitigado na cesárea. O ato de nascer é uma parceria indispensável entre a mãe e o bebê. O início de tudo.
CARLA OLÉA_VIA FACEBOOK
CARTAS, CARTAS
Não sei se a Redação já fez algum levantamento, mas posso assegurar que a maioria dos leitores, assim como eu, inicia a leitura pela antepenúltima página, a seção de cartas, por ser a mais lida. Assim, gostaria de sugerir que a revista atribuísse, a bem da justiça, um pró-labore aos que tiverem suas colaborações ali inseridas.
Adquirindo a edição piauí_153, junho, encontrei um amigo que afirmara, após ler o número anterior, nunca mais comprar a revista. Estranhei. Ele justificou: só quero constatar que continuam com a mesma linha editorial. Não é fácil largá-la.
SHIGUEYUKI YOSHIKUNI_LINS/SP
NOTA PONDERADA DA REDAÇÃO: Se adotarmos a sugestão, boa parte do nosso borderô terá de ser destinada ao Dirceu Luiz Natal. Estudos mostram que, no caso, a revista chegaria às bancas com cerca de oito páginas, trazendo reportagens apuradas a não mais de cinco quadras da redação.
ZAP
A piauí é minha melhor companheira de praia há anos: fico lá “lagarteando” enquanto me empolgo com as matérias.
Mas esta relação teve um momento muito difícil: o fim do Diário da Dilma foi f**a. O que mais me faria rir alto, sozinha na praia, a ponto de assustar os ambulantes cariocas?
Só perdoei vocês quando me apareceram com o BolsozApp Herald. Estou alcançando novos tons na gargalhada: agradecida!
Mas vocês não podem perder o bonde. Diante dos últimos acontecimentos, aguardo o DallagnolzApp. Nem precisa ser o pessoal, não, basta o do grupo dos procuradores. Se o Glenn continuar soltando trechos, vocês vão perder mercado! #ficaadica
CRISTINA GRACIELE_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA RADIOSA DA REDAÇÃO: É a glória! Fomos hackeados!
É com (muita) curiosidade que aguardo a edição da piauí_154, julho. Teria o BolsozApp Herald se tornado um Bolsogram Herald?
JOÃO ALCÂNTARA_BELO HORIZONTE/MG
NOTA AINDA MAIS RADIOSA DA REDAÇÃO: Duplamente hackeados!! Está todo mundo nos bisbilhotando! Somos importantes! Thank you, Glenn!!!!
O pessoal está abismado com os vazamentos, mas a piauí tem vazado conversas bem mais picantes da Bolso Família.
MACIEL RESENDE_VIA TWITTER
FLA X FLU
Lendo a seção de cartas da edição de junho, vejo que não sou o único a reclamar que a piauí virou uma revista para tratar do governo. Não sou bolsonarista, passo longe disso. Mas quero a piauí de volta. Cadê as excelentes biografias e os textos da Consuelo Dieguez? Por favor, voltem a ser a piauí que trata de temas diversos e não a que ocupa metade da revista com as peripécias do governo.
ARIEL TIAGO STÜRMER_FLORIANÓPOLIS/SC
NOTA AUSPICIOSA DA REDAÇÃO: No momento, Consuelo descansa em Bali num resort tão exclusivo que nem em Bali fica. Com um drinque de frutas exóticas na mão, desses com guarda-chuvinha espetado, ela está esquentando os motores para retornar no mês que vem. Aguarde.
Coleciono a piauí desde o número 1. Pelo jeito, o tempo de artigos como “A solidão do juiz” (piauí_50, novembro 2010) e de seções como os diários das personalidades da nossa cultura ficou para trás. Se isso foi proposital, parabéns aos envolvidos, só não aguardem a renovação da minha assinatura. Aliás, cadê a crítica ao desmatamento no tempo do governo federal petista? Estou procurando aqui no meu arquivo e ainda não encontrei.
ANDRÉ CASTELO TORRES_VIA INSTAGRAM
Fiquei estarrecida ao ver que temos muitos bolsonaristas leitores da piauí. Na seção de cartas do mês passado, resolveram tomar as dores do sujeito fascista que está nos governando. É simplesmente impossível tentar dourar essa pílula e passar batido em relação às grandes tragédias, em que estão nos metendo esses milhões de brasileiros que foram para a cabine de votação com o fígado na mão, espalhando bílis pelo local, e deram seu voto a esse cara que nos desgoverna. Não se dobrem a eles, por favor. Acho impossível relacionar bolsominions com inteligência. Simples assim.
VALÉRIA A. S. V. BORDIN_ASSIS/SP
Só autores homens na capa da piauí_153, junho. Acho que desisti de assinar.
JAMILA ZGIET_VIA INSTAGRAM
Fiquei comovida com a Nota da Redação na seção de cartas da edição de maio, afirmando que ninguém lhes escreve para dizer que voltou para ficar. Pois bem, eis aqui alguém que, após alguns anos dedicados a uma tese, volta a assinar a revista. Depois das eleições de 2018, senti uma necessidade tremenda de ter a minha piauí novamente em casa todo mês, para ver se o desespero que eu sentia era insensato, ou se mais alguém também estava nessa. Até agora a revista não me decepcionou – já os eleitores brasileiros, melhor nem comentar. Mas vocês continuam incríveis.
KÊNIA GAEDTKE_JARAGUÁ DO SUL/SC
NOTA CONSTRANGIDA DA REDAÇÃO: Uma carta dessas chega a nos dar, com o perdão da palavra, esperança.
BEIJO NA BOCA
Fiquei impressionada com a quantidade de pessoas reclamando que a capa da piauí_152, maio, retrata homofobia ou insinuações de homossexualidade. O beijo original, entre o líder soviético Brejnev e o alemão oriental Honecker, pintado na East Side Gallery – o trecho que sobrou do Muro de Berlim – nada tem a ver com homossexualidade ou insinuação de que fossem gays. Representa antes de mais nada uma aliança política sórdida, com consequências funestas. A obra, chamada Deus, Ajuda-Me a Sobreviver a Este Amor Mortal [também conhecida como Beijo Fraterno, do artista russo Dmitri Vrubel], já foi recriada inúmeras vezes, inclusive nas capas da piauí (Snow-den com Putin, piauí_83, agosto 2013, e Cunha com Temer, piauí_112, janeiro 2016). Por acaso alguém achou que estivessem acusando a dupla Cunha/Temer, por ocasião do impeachment, de gays? Quanta ignorância.
MARIANA DOTTORI_RIO DE JANEIRO/RJ
O FIM DOS CARROCEIROS
O Brasil perde dois campos de futebol por minuto. (Em cada metro quadrado desse desmatamento, a cada minuto, milhares de animais são assassinados de forma torturante.) Existem 212 milhões de bois de corte no país, mas esses vereadores querem “cuidar dos animais” tirando a carroça de um senhor de 80 anos que deve cuidar melhor da égua dele do que muita gente cuida dos filhos (Esquina, “A revolta das carroças”, piauí_153, junho).
ROBERTA NADER_VIA INSTAGRAM
Onde moro os carroceiros maltratam seus cavalos fazendo com que trabalhem o dia todo carregando entulhos de construção em carroças super cheias. Dá para ver que o coitado do animal mal consegue se manter em pé. Ainda há os carroceiros que descem e sobem a rua chicoteando os cavalos, fazendo com que corram desesperadamente. Sou a favor do fim da exploração e, por que não dizer, da escravidão desses animais.
SILVANIA ALVES_VIA INSTAGRAM
Vocês devem viver num mundo paralelo para não perceberem a epidemia de cavalos maltratados e abandonados nas cidades brasileiras.
É urgente que se comece a solucionar esse problema. A proposta mineira me parece bem razoável, pois vai promover a mudança de forma gradual.
Os carroceiros devem lutar para incluir no projeto meios que permitam suavizar essa transição, incluindo incentivos para habilitação e compra de um veículo motorizado, mediante comprovação de que não abandonaram nem descuidaram do animal.
Parcerias com sítios e haras também deveriam ser previstas, para aos poucos receberem os cavalos que forem substituídos.
JORDANO ZANARDI_VIA FACEBOOK
MILLENNIAL
Desde que minha mãe começou a me dar as revistas piauí para ler, vejo com mais esperança um Brasil que eu, com 16 anos, nunca tinha visto.
AUGUSTO CASARTELLI BOCASANTA_CASCAVEL/PR
NOTA VISIONÁRIA DA REDAÇÃO: Você é o futuro da nação, Augusto. Como disse um grande presidente, tem que manter isso aí.
PINGUIM
O João Batista não merece, mas eu, sim!
Quero reivindicar não o carro que teoricamente eu poderia ter comprado com o que gastei com a piauí, pois meu Niva 95 velho de guerra não custa tanto assim e eu nunca o deixaria “por aí”. Reivindico um pinguim. Podem perguntar à Abin, eu assinei a revista antes de o primeiro número chegar às bancas quando li sobre ela, e fiquei empolgada com a promessa, cumprida, de matérias longas e bem escritas. Aguardo meu pinguim, assim que vocês acionarem a Abin.
EDNA DINIZ_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA ABISMADA DA REDAÇÃO: Assinou antes mesmo de a revista existir? Pinguim a caminho! E vivo!
Por questões de clareza e espaço, piauí se reserva o direito de editar as cartas selecionadas para publicação. Somente serão consideradas as cartas que informarem o nome e o endereço completo do remetente.
Cartas para a redação:
redacaopiaui@revistapiaui.com.br