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    Pesquisador do IBGE em Camburi, São Paulo: para o presidente Marcio Pochmann, o órgão é “super fechado”, com 940 cargos de confiança, mas só 19 que podem ser preenchidos por gente de fora CRÉDITO: RICKY JOSÉ NETTO_ACERVO IBGE_2023

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A crise do IBGE, o apagão de dados e a aflição de milhares de demógrafos e pesquisadores

Beatriz Bulla | Edição 230, Novembro 2025

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Parecia até um milagre: no dia 23 de setembro de 2024, finalmente, depois de um silêncio interminável, a direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) convocou uma reunião com os especialistas da Comissão Consultiva do Censo Demográfico de 2022. A convocação, feita por e-mail, agitou o grupo de WhatsApp dos catorze especialistas. Afinal, seria a primeira reunião desde que o economista Marcio Pochmann assumira a presidência do órgão, mais de um ano antes. A equipe dos catorze até suspeitava que a Comissão Consultiva tivesse sido extinta, dada a falta de contato. Além disso, o mundo dos estatísticos, dos demógrafos, dos economistas, dos pesquisadores e dos consultores estava ansioso pela divulgação dos microdados do Censo, como são chamadas as informações mais minuciosas do levantamento. Coletados entre agosto de 2022 e março do ano seguinte, esses dados – uma massa de informações capazes de orientar uma montanha de pesquisas e análises – ainda continuavam na gaveta, provocando uma paralisia nos estudos país afora.

Às 14 horas do dia 3 de outubro, Pochmann abriu a reunião virtual com uma fala protocolar que durou cinco minutos – e deixou o encontro. A maioria dos especialistas, que discutem o Censo com grande profundidade, ficou decepcionada, mas a reunião prosseguiu sob o comando da estatística Elizabeth Hypólito, diretora de Pesquisas do IBGE havia sete meses. O assunto central logo entrou em pauta: era preciso definir um calendário para a divulgação dos microdados do Censo. O apelo foi ouvido, mas o calendário de divulgação só foi anunciado seis meses depois, em 28 de março passado. Não deixava de ser uma vitória. Os microdados, de acordo com o calendário, seriam publicados no terceiro trimestre deste ano. A vitória, no entanto, revelou-­se vã. O terceiro trimestre terminou no fim de setembro – e, até o fechamento desta reportagem no fim de outubro, os microdados não haviam sido divulgados.

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