minha conta a revista fazer logout faça seu login assinaturas a revista
Jogos
piauí jogos
A versão dos afogados

    Vila da Barca: obras de saneamento e macrodrenagem, um grande problema em Belém, foram realizadas para a COP, mas “vários dos projetos são de qualidade ruim”, diz o urbanista Lucas Nassar CRÉDITO: DANIEL KONDO_2025

questões ambientais II

A versão dos afogados

A distribuição desigual de ônus e bônus nas intervenções da COP

Roberto Andrés, de Belém | Edição 230, Novembro 2025

A+ A- A

A vista da janela das casas à entrada da Vila da Barca, em Belém, amanheceu diferente. Da noite para o dia, brotaram tapumes em volta do terreno do antigo Curtume Americano, um edifício histórico abandonado ao lado da praça principal. Isso foi em março deste ano, quando faltavam oito meses para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP30, na cidade. A Vila da Barca é uma ocupação popular no bairro do Telégrafo que remonta ao início do século XX, quando a migração vinda do campo se intensificou com a crise da borracha. Sobre palafitas, as casas avançaram pelo terreno pantanoso às margens da Baía do Guajará.

A maior parte do bairro nunca tivera tratamento de esgoto. Para um olhar apressado, a sinalização sobre os tapumes poderia significar uma notícia boa. Afinal, a placa indicava que seria construída uma estação elevatória – um sistema que bombeia o esgoto interceptado para a estação de tratamento a um nível altimétrico superior. Seria o tão sonhado saneamento básico chegando sem aviso prévio? Um detalhe indicava que não: nas plotagens que envelopavam os tapumes estava escrito “Sistema de Esgotamento Sanitário da Doca”.

Já é assinante? Clique aqui Só para assinantes piauí

Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

ASSINE