CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024
A turma do caranguejo
Tardes e noites no Satyricon, onde se farta a elite carioca
Ana Clara Costa | Edição 219, Dezembro 2024
Em 2018, quando o restaurante português Antiquarius fechou as portas, sucumbindo na esteira da Operação Lava Jato, junto de grande parte do mundo político do Rio de Janeiro, a elite carioca perdeu o seu lugar preferido para saciar a fome de comida e badalação. Não demorou até que o Satyricon, instalado há 38 anos em Ipanema, tomasse a coroa do velho português. A casa especializada em peixes e frutos do mar sempre foi frequentada pela turma abastada, mas, com a saída de cena do concorrente, se tornou parada obrigatória de políticos, empresários, desembargadores, jogadores de futebol, artistas e bicheiros. As vistosas bandejas com lagostas, lagostins, vieiras, lulas, ostras, caranguejos e afins, fazem sucesso no salão e nas redes sociais, atraindo uma penca de anônimos que desejam fazer parte, nem que seja por uma moqueca, da rica fauna do Satyricon.
Há clientes com lugar cativo, como o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, que gosta da mesa nº 14, ao fundo do salão. Lugares como o de Niemeyer são só para os amigos da casa, porque, quanto mais distante da entrada, mais reservado e exclusivo é o assento. É também o caso de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-todo-poderoso da Globo, que costuma levar os vinhos que consome. Num almoço dominical de novembro, degustou um Bosquet des Papes Chante le Merle, da região do Vale do Rhône, que nas lojas não sai por menos de 700 reais. A atriz Fernanda Montenegro é outra frequentadora dominical. Chega depois das quatro da tarde, quando o movimento é menor, e não se importa em sentar-se em uma mesa perto da entrada.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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