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    No céu abobadado flutuam nuvens d’après Tiepolo, enquanto gôndolas passam FOTOS: SKY ART_KAREN KRISTIN

carta de Macau

A Veneza chinesa

No maior cassino do mundo, delírios de um Marco Polo de escola de samba

Maria Cecilia Marra | Edição 59, Agosto 2011

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Da ponte de Rialto, estranhamente, dá para ver a San Marco com seus campanários, palácios, leões e até moedinhas brilhando no fundo de três canais azul-piscina que, com seus poucos palmos de profundidade, se desdobram na Fontana di Trevi – afinal, é tudo Itália. No céu abobadado flutuam nuvens d’après Tiepolo, enquanto gôndolas passam. Nelas, os gondoleiros soltam o peito gostosamente em Santa Lucia e O Sole Mio, arrancando aplausos do pessoal que espera na fila a vez de dar a sua voltinha.

Os gondoleiros, devidamente paramentados, têm os olhinhos puxados. Estamos no maior cassino do mundo, The Venetian, em Macau, uma réplica ainda maior do que o Venetian de Las Vegas, ambos de propriedade da Las Vegas Sands Corporation, de Sheldon Adelson, o rei da jogatina.

O cassino abriu, em 2007, para servir de âncora a um enorme conjunto de resorts, restaurantes e lojas em Cotai Strip, um aterro de 5 quilômetros quadrados que une as ilhas Coloane e Taipa. O complexo fica a meia hora de carro de Macau, a única região da China onde o jogo é legalizado, e a 45 minutos de balsa de Hong Kong. O projeto do aterro demorou anos para decolar, mas hoje o cassino é tão lucrativo que seus proprietários querem replicá-lo no Vietnã e em Cingapura.

 

Macau é uma ex-colônia portuguesa que voltou a fazer parte da China em 1999. Da Macau dos portugueses sobrou pouco, e o que sobrou foi restaurado até ficar com o mesmo ar falso da Veneza do aterro. O nome das ruas é o único testemunho fiel da presença portuguesa, coisa que cria uma inesperada desvantagem para quem consegue dizer com pronúncia perfeita “rua do Pagode”, “rua da Palha” ou “calçada do Visconde de São Januário”. O taxista não entende nada do que é dito em bom português, e só a custa de muita repetição absurda se consegue seguir para o cassino.

O Hotel Venetian tem 3 mil suítes, distribuídas em 39 andares, empilhados sobre uma delirante representação da Serenissima. A coisa toda ocupa uma área equivalente a 56 campos de futebol (onde daria para acomodar noventa Jumbos), medida que está na ponta da língua de todos os funcionários – como se submeter o hóspede à condenação de atravessar a pé 56 campos de futebol para tomar um café fosse algo desejável.

Na Veneza de Macau a inconveniência das inundações da acqua alta e o consequente mau cheiro foram abolidos. Tudo é limpo, fresco, novo, fora de proporção e falso, maquiavelicamente falso. Umberto Eco aplaudiria. É uma Veneza povoada de chineses, como se a história de Marco Polo tivesse sido embaralhada por um autor de enredo de escola de samba.

 

Qualquer passeio resulta na oportunidade de se virar celebridade. A cada poucos passos, os hóspedes encontram maravilhas dignas de registro, fazendo com que caminhar implique aparecer em filmes e fotos alheios. E assim é que se acaba eternizado com a família indiana em frente à fonte, com o casal texano em lua de mel aos pés da escultura, com o pai australiano coroado pelo lustre de cristal, com grupos de filipinos e até com um daqueles sujeitos que se fazem de estátua. Ser hóspede do Venetian significa correr o mundo nas recordações de estranhos.

No ano passado, 13 milhões de chineses visitaram Macau, onde vivem pouco mais de 500 mil nativos. Eles chegam com malas de iuan – a moeda chinesa – para torrar, coisa que fazem com o mesmo entusiasmo, eficiência e determinação com que constroem aeroportos, pontes, prédios e estradas de ferro.

Eles percorrem, com expressão beatífica no rosto e arrastando um trem de sacolas, os 154 mil metros quadrados dos centros comerciais interligados. É uma grande marcha de liberação, através de mais de 500 lojas.

 

Nos corredores com piso de mármore espelhado, os impérios de François Pinault e Bernard Arnault se alternam nas marcas de sempre: Vuitton, Gucci, Prada, Versace, Dior, Hermès, Tod’s, Boss, Armani, Ferragamo etc. etc. etc. se sucedem e se repetem num loop contínuo, arrasando qualquer esperança de orientação.

Para escapar do labirinto, só achando um guarda e pedindo que assinale no mapa o caminho. Este é o paraíso de compras perfeito, sem nenhuma interferência do mundo real, onde as janelas existem, mas são pintadas, não chove e nem faz frio, a luz nunca se põe e tudo está ao alcance da carteira ou do cartão. Como a beleza e a riqueza de Veneza foram construídas na base do comércio pesado, a extravagância consumista do complexo chinês talvez seja o aspecto mais fiel ao tema.

Quem não quiser comprar, passear de gôndola e nem comer (em apenas um dos hotéis há trinta restaurantes) pode perder dinheiro em uma das quatro áreas (Peixe Dourado, Dragão Vermelho, Casa Imperial e Fênix) em que está dividido o cassino. É uma monstruosidade com 800 mesas de jogo e mais de 3 mil máquinas caça-níqueis especialmente projetadas para o público chinês. Um estrangeiro nem consegue perder seu dinheiro nelas porque não dá para entender a máquina.

O Venetian é um dos poucos lugaresdo mundo onde ainda se pode fumar em todos os ambientes. A cada poucos metros há uma moça em um balcãozinho vendendo cigarros, e a área para não fumantes é desprezível, de tão pequena. Em torno das mesas de jogo se juntam províncias chinesas inteiras, que comemoram aos berros quando um dos seus leva, ainda que momentaneamente, a melhor. No ano passado, a receita do jogo em Macau cresceu 52%, quatro vezes mais do que em Las Vegas. O grosso dessa dinheirama não vem do mar de mesas e máquinas, onde jogam as massas, e sim das cinquenta salas exclusivas do Paiza Club, onde jogam alto e pesado os VIPs chineses.

Além de muita comida, loja, jogo e fumaça, o hóspede pode ainda se entregar a atividades culturais à altura do cenário. O Cirque du Soleil tem ali seu próprio teatro, construído sob medida, com condições de embasbacar confortavelmente 1 800 almas a cada espetáculo. Eles aceitam reservas com três meses de antecedência. Céline Dion se apresentou no Cassino em 2008 e ameaça voltar; é ficar de olho.

Depois do banho de dourado, mármore brilhante, teto afrescado, música de caça-níqueis, rococó, cristal, cantoria, fontes e luzes, o que mais se deseja é enfiar a cabeça no travesseiro. Mas achar e seguir o caminho até o quarto não é tarefa simples. Quando finalmente ele é encontrado e se abre a porta – surpresa! –,dá-lhe mais dourado, babados, franjas, mármores, rococó, candelabros, luzes e, estranhamente, uma máquina de fax.

A cama, como era de se esperar, tem dossel adamascado, assim como são adamascadas as almofadas e as cortinas. A imponência do dossel e a vista variam de acordo com a categoria da suíte. Algumas dão para os canais, outras para o mar. Das mais em conta se avista um lodaçal e as vigas e escoras do avesso das fachadas de Veneza. A feiura da vista é um bálsamo.

Maria Cecilia Marra
Maria Cecilia Marra

Desenhista, é diretora de arte da piauí

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