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Ação entre amigos

Dias Toffoli, Marcelo Odebrecht e a corrupção

Fernando de Barros e Silva | Edição 213, Junho 2024

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Seria leviano afirmar que Dias Toffoli se aproveitou do momento de comoção nacional, quando as atenções estavam voltadas para a tragédia do Rio Grande do Sul, para pronunciar sua sentença. Entre ele e Ricardo Salles há diferenças. Feita a ressalva, o ministro do STF abriu a porteira e passou com a boiada no dia 21 de maio, quando anulou todos os atos da 13ª Vara Federal de Curitiba contra Marcelo Odebrecht, o ex-presidente da empreiteira, que foi rebatizada e agora atende por Novonor. O nome da empresa – uma contração de “Novo norte” – não deixa de sugerir, pela sonoridade, uma nova raça de gado: temos o Caracu, o Angus, o Nelore e, agora, o Novonor. Toffoli o colocou em liberdade, para pastar à vontade no capim verde das obras públicas.

A decisão do ministro choca por mais de uma razão, mas está longe de ser um raio em dia de céu azul, para usar uma imagem dileta do velho Marx. Ela faz parte do trabalho de desmanche da Operação Lava Jato, levado a cabo metodicamente por parte do Supremo, pela casta política e pela república dos bacharéis, cada qual na defesa de seus interesses particulares (não ser preso, ganhar muito dinheiro, as duas coisas etc.), disfarçados sob a retórica da defesa do estado de direito e do bem comum. 

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