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O cardeal Três

    Ali Kamel, na Globo: repórteres da emissora avaliam que o jornalismo da tevê ficou mais acanhado nos últimos anos, com menos apetite por reportagens investigativas CRÉDITO: RENATO VELASCO_GLOBO

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O cardeal Três

Ali Kamel e o fim de uma era

Ana Clara Costa | Edição 211, Abril 2024

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“Um perfil meu acabaria na primeira frase: Ali Kamel é de poucas palavras e não dá entrevistas.”

Com essa declaração, o diretor de jornalismo Ali Kamel, o mais longevo da história da Globo, recusou meu pedido de entrevista, por e-mail, quando comecei a apurar seu perfil em novembro do ano passado. Durante 22 anos, Kamel dirigiu a maior operação de jornalismo da América Latina, comandando 1,3 mil profissionais distribuídos em programas que diariamente abasteciam com informações mais de 100 milhões de pessoas. Em seu período, aconteceram eventos de importância colossal: a posse do primeiro presidente de origem popular em mais de um século de República, os protestos massivos de 2013, o impeachment da primeira mulher a governar o país, a deflagração da Operação Lava Jato, a prisão de dois ex-presidentes, a ascensão da extrema direita ao poder, uma pandemia devastadora e a primeira tentativa de golpe desde a volta do país ao regime democrático.

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