Almeida e Anielle, numa reunião ministerial, em outubro de 2023: “Ela sabia que uma coisa dessas acabaria com a vida dele, por isso ela sinalizou para que ele parasse várias vezes” CREDITO: DUDA RODRIGUES/MDHC_2023
Estilhaços na sala
Anatomia do escândalo sexual que derrubou Silvio Almeida
Ana Clara Costa | Edição 222, Março 2025
Na noite de 30 de dezembro de 2022, integrantes do governo de transição se reuniram para comer uma pizza em Brasília, com o intuito de dar as boas-vindas ao advogado Silvio Almeida, que assumiria o comando do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania dali a dois dias. Como Almeida era novato na gestão pública, o objetivo do encontro era integrá-lo a pessoas que conheciam o funcionamento da pasta. Almeida participara pouco do governo de transição. Os trabalhos do grupo haviam sido tocados pela deputada federal Maria do Rosário e pelo deputado estadual Emidio Pereira de Souza, ambos petistas que perderam para Almeida a disputa pela vaga de ministro. Fazia sentido estreitar laços com o novo integrante.
Almeida chegou ao jantar informal por volta de 21 horas, acompanhado da mulher, Ednéia Carvalho, e duas assessoras. Ficou cerca de uma hora no apartamento onde transcorria o encontro. Nesse curto período, duas surpresas aconteceram. Almeida contou aos presentes, entre eles Anielle Franco, também iniciante na lida do Executivo e sua futura colega na Esplanada dos Ministérios, que sua esposa estava grávida do primeiro filho do casal. A notícia, dada em primeira mão, foi saudada com cumprimentos gerais. Poucos minutos depois, ele e Anielle se cruzaram num dos dois ambientes da sala do apartamento, onde as pizzas eram servidas. Estavam sozinhos ali. Travaram um diálogo banal, até que ele se aproximou dela e, falando baixo, disse ao seu ouvido: “Nossa, como você está linda e cheirosa hoje.” Sem entender a natureza da frase, Anielle disse “obrigada”, deixou-o no canto e juntou-se aos demais convidados no segundo ambiente da sala.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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