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As 38 estrelas

Como se planejou e executou, em Montevidéu, uma fuga em massa de prisioneiras políticas

Josefina Licitra | Edição 106, Julho 2015

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Domingo Trujillo seguia de carro para o bairro La Comercial, no centro de Montevidéu. Fazia um frio do cão e, vista pela janela do automóvel, a cidade parecia um corpo contraído e estático. Naquela madrugada do início de julho de 1971, Trujillo se sentia nervoso e agitado: tinha pela frente uma tarefa árdua. Quando chegasse a seu destino – uma casa simples, com um portão largo por onde poderia entrar com o carro – deveria dar início ao trabalho: a escavação de um túnel subterrâneo. Em silêncio, com muita paciência, ajudado por outros companheiros, Trujillo teria que percorrer os 1 400 metros – cerca de doze quadras – que iam daquela residência particular à prisão feminina de Cabildo. Na outra extremidade, entre os muros da penitenciária, havia 38 presas políticas à espera.

O plano de fuga estava em andamento havia pelo menos seis meses. Fora calculado nos mínimos detalhes pelos líderes do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros (MLN-T), uma organização clandestina que décadas depois se tornaria internacionalmente conhecida com a chegada de José Pepe Mujica – militante tupamaro – à presidência do Uruguai. Àquela altura, início da década de 70, o MLN-T era a maior dor de cabeça do governo de Jorge Pacheco Areco, que, tendo assumido legalmente o poder em 1967 – em substituição a Óscar Diego Gestido, que morrera e de quem era vice –, vinha realizando uma gestão marcada pelo ajuste econômico e pela repressão social.

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