Paulo Francis e Luiz Schwarcz, nos anos 1990: “Qualquer livreiro decente não pode ficar mais de um ano sem vir a Nova York. Venha para cá e vamos todo dia a uma livraria”, dizia o jornalista CRÉDITO: ACERVO PESSOAL
As duas faces de um amigo
Paulo Francis, o afetuoso e o cruel
Luiz Schwarcz | Edição 223, Abril 2025
“Quero conhecer esse rapaz que publicou Rumo à Estação Finlândia[1] no Brasil, peça para ele me procurar quando estiver em Nova York.” Foi o que Paulo Francis disse ao editor Jorge Zahar em 1986, depois de brindar o livro com uma resenha superlativa, de página inteira, na Folha Ilustrada, o caderno cultural da Folha de S.Paulo. Jorge era o seu melhor amigo e, para mim, um segundo pai. Os primeiros livros da Companhia das Letras tinham sido publicados havia pouco.
O sucesso foi muito maior que o imaginado. Estávamos no auge do Plano Cruzado, que, tentando combater a inflação, gerou, a princípio, um estouro nos índices de consumo. A derrocada dessa iniciativa de política econômica custou muito. Mesmo assim, desde o começo, os ventos sopravam de maneira favorável para a Companhia das Letras, que tinha mais dificuldade de comprar papel e conseguir gráficas para imprimir os livros do que para vendê-los. Na época, eu mesmo fazia a venda para os principais clientes e realizava parte das entregas, na volta para casa, com a minha perua Parati.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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