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    Lições do passado, erros do presente: pouca gente soube que, quando Renato Feder foi secretário de Educação do Paraná, seu plano também envolveu abrir mão das obras do Plano Nacional do Livro Didático, mas a proposta não avançou CRÉDITO: REINALDO FIGUEIREDO_2023

questões didáticas

Renato Feder e o atropelo na educação em São Paulo

As maquinações do secretário da Educação que tentou cancelar a participação do estado no Programa Nacional do Livro e do Material Didático

Raquel Cozer | Edição 206, Novembro 2023

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Um grupo de doze pessoas representando indústrias com um faturamento total de cerca de 300 bilhões de reais por ano  aguardava na entrada do prédio em estilo neoclássico da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), no Centro da capital. Às cinco da tarde, a comitiva foi convidada a subir ao majestoso Salão Nobre, com suas paredes com lambris de madeira e coroadas por painéis a óleo em tons de verde e dourado. Os executivos estavam ali para discutir com o secretário da Educação, Renato Feder, o tema que ocupava desde 31 de julho, dez dias antes, as manchetes dos maiores jornais do país e as conversas de todos os círculos do meio educacional de São Paulo: a decisão da gestão paulista de abdicar de 10 milhões de livros didáticos financiados pelo governo federal para 2024. Nas escolas estaduais, os livros já estavam sendo substituídos aos poucos por um material digital cuja procedência ninguém conhecia e que não parecia primar pela qualidade, a julgar pelos primeiros conteúdos vindos à tona.

Dada a gravidade da situação, todos ali na secretaria, em nome das indústrias de papel e celulose, gráficas e livros, tinham remanejado suas agendas depois de uma mudança de última hora. A princípio, souberam que a reunião pela qual insistiam desde o começo da crise seria com o coordenador pedagógico da Secretaria de Educação, o que alguns entenderam como sinal de descaso do secretário. Eles imaginavam que Feder, sócio da companhia de produtos digitais Multi (o novo nome da Multilaser), não tinha em alta conta o ramo dos livros impressos. Não só porque a Multi teve sozinha uma receita bruta de 6 bilhões de reais em 2022 – cerca de 500 milhões a mais que todas as editoras de livros do país juntas –, mas também porque o secretário defendia a ideia de que um material digital produzido internamente era um “avanço” em relação aos livros impressos.

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