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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024

esquina

Axé no Olimpo

A primeira trans no topo da indústria da moda

João Batista Jr. | Edição 218, Novembro 2024

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Foram muitas sessões de terapia dedicadas àquele dia na escola fundamental. Na hora da chamada, a professora fez uma pergunta grosseira. “Ela quis saber se eu era menino ou menina”, recorda a estilista Isa Silva, hoje com 35 anos. “Eu disse que não sabia.” A professora não gostou dessa indefinição. Insensível ao constrangimento da criança, mandou que ela ficasse em pé e abaixou sua calça para examinar o órgão genital – na frente de todos os alunos. Depois daquela humilhação, meninos e meninas passaram a isolá-la. “Foi ali que eu entendi que a vida não seria fácil”, diz ela.

A infância de Isa Silva em Barreiras, município a 885 km de Salvador, foi marcada por duas fases bem definidas, a da bonança e a da pobreza, tendo um denominador comum nas duas etapas: os horrores do preconceito. Nascida com o gênero masculino, a filha do comerciante Máximo Ferreira da Silva – dono de relojoaria, perfumaria e mercadinho – e de Leila Campos teve acesso a uma vida confortável. O regime na casa era o absolutismo patriarcal. O pai não deixava a mãe seguir com seus estudos e não dividia com ela a administração dos negócios. Mas havia brechas nesse machismo: aos 6 anos, Isa Silva pediu material escolar com o tema da personagem Moranguinho. O pai comprou.

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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