Belém derrete
Sketch
Jeff Menezes | Edição 114, Março 2016
— Entre, Éder.
— Bem?
— Bem… bem. Sente-se.
— Belém derrete, né.
— É. E fede repelente…
— Hehe…
— Bebe?
— Red, sem.
Flertes. Entre eles, sempre flertes.
— Cê é de?…
— Tremembé.
— SP?
— É.
— Em Belém desde?…
— Tem três meses.
— Recente, né…
— É…
— E fez Tremembé-Belém de repente, sem nem temer?
— Trem de gente sem leme… sem bens e sem reféns…
— Hehe… reféns?… E Mercedes?… Tem Mercedes, né?
— É… Mercedes é ex… gente delével, nem se vê…
Bete se sente leve.
— E pretende se estender?
— É, em tese… ler, escrever… me entreter, sem stress… ver sementes crescerem, entende? Se der, bem…
— …cê escreve, né?
— É.
— E tem verve, menestrel?!
— Me teste!
— Nem me tente!
— E cê lê, Bete?
— Sempre… Brecht, Perec… Hegel de leve.
Éder se embevece…
— Vem, bebe…
— E nem se serve? Greve de sede? É crente?
— Nem greve, nem crente. Red me perverte…
Éder, decente, se detém.
— E Clemente?
— Serve. Desde três. Vem dez e dez… É tenente, bem nerd…
Flertes… sem Clemente entre eles…
— Sente-se, Bete.
Belle Bete…
De repente, pele em pele…
— Me deseje, Éder, me deseje…
— Bete…
— Vem me ter…
Se despem, pele em pele, tez em tez. Belém derrete.
— Vem, Éder, me penetre…
Éder prende Bete entre dentes e pele. Serpente de Éder, ventre de Bete.
Éder mete. Bete geme.
— Vem, Éder, expele esse sêmen… Mexe, mexe!
Dezessete vezes, dezessete vezes Éder mete e expele sêmen em Bete. Mel.
— Excelente, Éder, excelente…
— Excelente, Bete…
De repente:
— É Clemente!
— Clemente? Nem dez…
— Desce, Éder, desce!
— Peste, ele vem de Sedex, é?
— Desce, Éder!
Éder desce e entrevê: enter Clemente.
— Éder?
— Hem?… Éder?
— Éder! — ele repete. Ele esteve bem nesse…
— Clemente! Nem pense…
Bete mente. Clemente vê:
— Red, sem… É Éder!
— Sem stress, Clemente! Sem stress, hem!
— Red sem, Bete! É ele! É célebre, Éder sempre bebe!
Éder estremece. Clemente sempre teve em mente Éder e Bete: flertes, ele percebe.
— Revele, Bete. É Éder, né!
Desmente, Bete, desmente!
Bete se rende:
— É Éder.
Peste, Bete, peste!
Clemente cresce:
— Cê me deve, Bete!…
Bete se defende:
— Cê nem é presente, Clemente! Nem tente me…
— Presente, Bete?!! Presente?!! E cê vem e elege pretendente!! Cê sempre tem de reverter né, Bete, sempre!…
— Pretendente, Clemente?! Pretendente?! Cê me enche, cê me enche, entende?! Cê me envelhece, Clemente, vê?! Cê me envelhece!
Clemente entende?
— Reze, Bete, reze! Me dê Éder! Éder!
Entrementes, Éder estremece. Entrevê Clemente e pressente…
— Clemente! Releve, bem, releve… Cê nem é presente… Gente sente, entende? Éder?… Éder é reles estepe… — fez Bete.
Clemente ferve:
— Estepe!? Estepe!? Reze, Bete!
Verde de febre, Clemente estende PT:
— Blefe! É blefe, Clemente!…
— Me despreze, Bete… é, me despreze, vem… Sente esse blefe!…
— Clemente, espere!…
Clemente se excede. Bete perde três dentes.
Enfrente, Bete, enfrente!
— Espere, Clemente! Espere, bem…
Clemente se excede. Desfere três vezes. Bete se perde, de vez.
Entre cremes e pentes, Éder treme:
— Reze, Éder, reze!
Nem crente, nem temente, esteve três meses sem prece…
— Pense, Éder, pense!
Nem teve vez… Enter Clemente.
— Éder…
Flerte. Éder sem entender.
— Éder, cê me pertence…
— Hem?
Éder sem entender:
— Cê me pertence. Sem Bete, cê me pertence. Vem, me ferre.
Éder estremece. De febre. Demente!
— Vem, Éder… enterre, vem!
— Nem…
— Cê prefere receber três desse e pender em frente de Bete?
Depende de Éder.
— Cê deve ser breve, Éder. Prefere Bete em vez de Clemente, é?
Depende de Éder.
— Vem, me ferre!
Éder vem:
— Verme, cê merece…
Dezessete, dezessete vezes Éder mete e expele sêmen em Clemente. Fel.
Zen, Clemente se sente bem. Geme. Éder pede:
— PT, Clemente, me empreste…
Clemente cede, Éder recebe e repele Clemente. Ele pende… em frente de Bete. Éder reverte.
— Cê merece, verme!
Éder se excede. Desfere três vezes. Clemente se fere, geme.
— Demente! Cê merece!
Ele repete. Clemente fenece. Éder prefere Bete.
Éder se veste. Nem se despede. Street, gente…
Tente, Éder, tente ser gente. Nem se lembre desse revés, desse teste… nem revele e nem escreve… never! Prende! Em breve prescreve, Éder, prescreve! Tente ser gente…
Éder é neve, e Belém derrete.
—
Conto integrante da Pentalogia Monovocálica, originalmente publicada na extinta revista Ácaro. Este texto é citado na reportagem Ratos no Labirinto, da piauí_114.
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