Cabelos ao vento
Uma iraniana na Olimpíada do Rio
Mariana Filgueiras | Edição 120, Setembro 2016
Quando desembarcou em Manaus, vinda de Teerã, a engenheira de computação Fataneh Hassani sabia o de sempre a respeito do Brasil – floresta, frutas, samba, Pelé – e um pouco mais. É que, durante o longo percurso aéreo, se inteirou de algumas novidades: leu sobre o alto índice de mulheres violentadas no país e aprendeu a se proteger do zika vírus. Solteira, pôde viajar apenas depois que seus pais a autorizaram, embora já tenha 42 anos. Se estivesse casada, precisaria conseguir o aval do marido. O do chefe, obteve sem nenhum esforço. Mal tomou conhecimento de que a subordinada pretendia trabalhar na Olimpíada do Rio de Janeiro, ele prometeu estender suas férias caso fosse aceita. Ainda que não soubesse quase nada do Brasil, Hassani sabia muito de seu amor por esportes. Ela corre maratonas desde a adolescência.
Dois meses de férias pagas nos trópicos, com direito à maior celebração esportiva do mundo? Nem em sonho cogitara ganhar um presente desses. Só faltava rejeitarem sua inscrição… Não rejeitaram. A engenheira se tornou, assim, a única voluntária iraniana nos Jogos de 2016. Recebeu, primeiro, a tarefa de assistir fotógrafos da imprensa internacional nas arenas manauaras em que haveria competições. Mais para o final da Olimpíada, iria atuar na cidade-sede.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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