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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2022

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Cartas do cárcere

Grupo reúne mulheres que escrevem a detentos

Fernanda Santana | Edição 196, Janeiro 2023

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Depois de um dia de trabalho na sua loja de roupas, a comerciante Lúcia (o nome é fictício, por solicitação dela), de 30 anos, inicia um novo expediente. À noite, ela lê e filtra mensagens enviadas por familiares de detentos a um grupo fechado do Facebook chamado “Correspondentes”. A página na rede social faz a mediação entre homens que cumprem pena e mulheres dispostas a trocar cartas com eles. Cabe aos parentes escrever a apresentação dos prisioneiros. Lúcia, administradora do grupo – e ela mesma mulher de um detento –, seleciona os pedidos. Se aprovados, a foto do detento e um texto que o descreve são publicados, junto à pergunta: “Alguma menina disponível?”

O crime cometido é o principal critério de veto: agressores de mulheres e de idosos, estupradores e pedófilos não são aceitos. As publicações informam os dados penais do detento, as características físicas dele e uma biografia resumida. “Esse é o g., 28 anos. Ano que vem vai para o semiaberto. Tem filho”, informava uma publicação de setembro do ano passado, que ficou sem resposta. Há detentos muito disputados, como um da Penitenciária de Franco da Rocha que despertou o interesse de 27 correspondentes.

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