cartas na trincheira
| Edição 55, Abril 2011
DIÁRIO DA DILMA
Por favor, não parem de divulgar o diário da nossa querida presidenta (“A manicure e o Sonho de Valsa”, piauí_54, março), precisamos acompanhar o dia a dia da nossa líder, principalmente com relação às questões ligadas ao glorioso ministro Edison Lobão. Tenho a pretensão de estar representando milhares de leitores.
REINALDO CORREA FILHO_SÃO PAULO/SP
O diário de Dilma é simplesmente hilário, a imaginação correu solta e, mais importante, sem baixaria.
MARCOS UGEDA DE MATOS_SÃO PAULO/SP
O BRASIL É AQUI
Como os professores possuem autonomia para gerarem em conjunto o conceito global de seus alunos, reunindo-se em um Conselho de Classe, sendo este de presença obrigatória de todos os professores, houve uma depreciação da equipe da Escola Municipal Acre ao se afirmar que o resultado final não condiz com a realidade de seus alunos e muito menos com a vontade dos docentes (“O Brasil é aqui”, piauí_53, fevereiro). Como professora, garanto que sempre tive total autonomia para atribuir a meus alunos o conceito que lhes faz jus. Informo também que todas as escolas recebem uma verba para reformas que vão desde o predial até o mobiliário. Sendo assim, fica difícil compreender as pichações ainda preservadas e o “rombo” do melamínico. Encerro meu protesto solidarizando-me com todos os colegas envolvidos nessa trama mal elaborada.
LILIAN SANTOS_RIO DE JANEIRO/RJ
Achei de muito mau gosto a reportagem. Como cidadã da cidade do Rio de Janeiro, mãe de alunos que estudaram na Escola Acre por dez anos, conhecedora do trabalho de vários professores citados ou não na matéria, irmã de professora do município e vizinha de tantas outras, fiquei indignada. No ano passado, meus filhos passaram e concluíram o ensino fundamental, passando para o ensino médio. Graças a Deus, e a eles, estão muito bem colocados e encaminhados na educação. Falo com propriedade porque, além de ter estudado na mesma escola nos anos 70, convivi de perto por mais de dez anos com meus filhos estudando desde a educação infantil até o 9° ano.
MARISTELA SCHRODER_RIO DE JANEIRO/RJ
Como diretora da Escola Acre estou me sentindo constrangida após a circulação da reportagem “O Brasil é aqui”. Por que não mostrar tantas outras coisas já conquistadas e que já deram certo também? Creio que a repórter fugiu muito do objetivo da reportagem. Todos os funcionários sentem-se mal em verem seus nomes expostos de forma tão pouco recomendada.
ELIZABETE RODRIGUES_RIO DE JANEIRO/RJ
Sou professora de história da rede estadual do Rio de Janeiro. Gostei muito da reportagem sobre a Escola Acre. O objetivo da revista, a meu ver, não era fazer uma comparação entre as duas escolas, pura e simplesmente, mas sim falar sobre a realidade do ensino fundamental municipal para um público que, em sua maioria, já deve conhecer o funcionamento de escolas privadas como o Sion. Não percebi nenhum tom irônico em relação às roupas dos professores e muito menos aos salários recebidos. Se a diretora e seu corpo docente insatisfeito deixarem de lado a vaidade, verão que o texto só ratifica a importância de profissionais como eles, e que sem análises pontuais como esta seremos eternamente inconscientes de nós mesmos. Há destino pior?
CECÍLIA MATOS_RIO DE JANEIRO/RJ
Como leitor da piauí e professor de história de uma escola municipal localizada na periferia da Zona Oeste do Rio de Janeiro, escrevo para discordar da abordagem. Obviamente que a Escola Municipal Acre, que é uma das 1 063 unidades da Secretaria de Educação, não poderia servir como padrão genérico de tão amplo espectro. Certamente há muito ainda para se realizar aqui na cidade do Rio, mas os caminhos estão muito bem traçados e os sinais de mudanças são evidentes, quando se constata, por exemplo, uma procura significativa pelas escolas públicas do município, por segmentos familiares da classe média. Acredito que estamos no caminho certo e que os pontos negativos elencados na reportagem não podem sobrepujar os avanços obtidos.
Sinvaldo do Nascimento Souza_Rio de Janeiro/RJ
Por que diabos só houve comentários negativos sobre a matéria “O Brasil é aqui”? Eu adorei! Li numa passada só! Bem contextualizada, e bem escrita e estruturada. Sem falar no humor, que se bem utilizado deixa o texto supimpa. Eu vejo com outros olhos algumas observações feitas por outros leitores: a proposta da reportagem não era comparar uma escola com outra, e o tom irônico (que foi utilizado com bom-senso) só torna a matéria mais prazerosa de ler, porque, querendo ou não, a realidade está aí…
Candice Lindner_RIO DO SUL/SC
Essa foi a melhor edição da piauí. Até por isso senti vontade de escrever algo. Dois artigos me sensibilizaram de forma mais direta. O primeiro “O Brasil é aqui”. Por ser professor, senti o peso dilacerante da minha existência. O outro artigo é sobre o documentário chinês A Oeste dos Trilhos (“O colapso”, piauí_53, fevereiro), por ter uma visão que se aproxima do comunismo – não do autoritarismo ou capitalismo de Estado que vigorou na URSS e vigora na China. Senti na alma a dor da mais-valia absoluta a que estamos submetidos, nós brasileiros e outros povos que tiveram que passar por um processo tardio de “modernização” capitalista. O processo de exploração da força de trabalho em países nessa situação é aterrador. E a situação dos professores é um exemplo disso. Por isso vejo uma ligação forte entre os dois artigos.
Thiago Oliveira Martins_APARECIDA DE GOIÂNIA/GO
No início de 2009, após um teste de avaliação, 28 mil alunos do 4º, 5º e 6º anos – alguns com 13 anos de idade – foram identificados como analfabetos funcionais, uma das consequências da chamada aprovação automática. Desse total, 21 mil já foram realfabetizados e também passaram por um programa para a correção da defasagem idade/série.
Ao mesmo tempo, a Secretaria Municipal de Educação reintroduziu as avaliações bimestrais e implantou um programa regular de reforço escolar. E, ao contrário do que sugere a reportagem, a chamada aprovação automática foi abolida da rede municipal. Em 2010, 14% dos alunos do 3º ao 9º anos do ensino fundamental foram reprovados. Do 6º ao 9º anos, o índice de reprovação ficou em 31%, a maioria por não atingir a nota suficiente para a aprovação. No 8º ano, 18% dos alunos foram reprovados em 2010. Esses alunos foram reprovados pelo conceito global, citado na reportagem como um método que “descende de resoluções normativas que fingem abolir a aprovação automática no Rio de Janeiro”. A Secretaria esclarece que o conceito global resulta de uma decisão conjunta da equipe de professores de uma mesma turma. Das 1 063 unidades escolares da rede, 348 contam com inspetores. Em 2010, a Secretaria realizou um concurso público para a contratação de mais 100 inspetores, que serão encaminhados às unidades.
MARCELLO GAZZANEO, ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO_RIO DE JANEIRO/RJ
GERAÇÃO 1.0
Achei o máximo da contradição: ao terminar de ler o artigo “Quero ficar na geração 1.0” (piauí_53, fevereiro), havia a expressão “curtir”. Pensei que seria para dar uma nota ou coisa que o valha, mas era para conectar-se logo ao Facebook, objeto de crítica contundente da pessoa que escreveu o ótimo artigo… Isso mostra que, realmente, é difícil libertar-se da rede que a geração 2.0 lançou para alcançar o máximo de desavisados que navegam distraidamente pela internet. Ainda bem que sou 1.0 e estou, como os escoteiros, “sempre alerta”!
MARISA DE AZEVEDO CRUZ_RIO DE JANEIRO/RJ
INFERNINHO EM COPACABANA
O incentivo ao uso de bicicletas é outra ficção criada pela Prefeitura do Rio [Chegada, piauí_54, março]. O SAMBA (Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicletas de Aluguel) foi lançado, após licitação realizada pela Prefeitura do Rio, em janeiro de 2009. São dezenove estações espalhadas pela Zona Sul, onde o usuário pode pegar sua bicicleta, pagando para isso uma mensalidade. Em teoria, uma excelente ideia, mas que só serviu para a prefeitura fazer propaganda. Além das inúmeras vezes que o sistema simplesmente está fora do ar, e por isso não é possível pegar uma bicicleta, muitas outras vezes não há nenhuma disponível na grande maioria das estações, deixando os usuários impossibilitados de utilizar o serviço. Algumas estações passam semanas sem ter uma mísera bicicleta disponível! Assim como outros serviços operados no sistema de concessão, a prefeitura deveria ser responsável por fiscalizar e punir a empresa por não cumprir o contrato. Certamente não o faz. E nem precisaria colocar um fiscal na rua para isso. Bastava monitorar pelo próprio site da empresa, como eu faço, para verificar que eles não mantêm uma qualidade mínima de serviço. Hoje, dia 9 de março, nas dezenove estações, existem cinco bicicletas disponíveis!
MÁRCIO SILVEIRA_RIO DE JANEIRO/RJ
CASA BEM-ASSOMBRADA
Lendo tanta coisa mal escrita, na academia ou fora dela, foi um deleite ler a “Casa bem-assombrada” (piauí_54, março) do embaixador Marcos de Azambuja. Não é por acaso que o conselheiro Aires aparece no fecho do artigo: com toda a certeza foi para aplaudir o colega.
ARMANDO FREITAS FILHO_RIO DE JANEIRO/RJ
O artigo de Azambuja, se amassado e jogado no ar, venceria a lei da gravidade! Diversidade sexual de uma só escolha? Coisa de diplomata.
HAROLDO MARQUES_BELO HORIZONTE/MG
CONCURSO
Empolgadíssima com o apreciado prêmio literário, me vejo obrigada a fazer como o amigo Tranjan e escrever um derradeiro 6×6 de aclaração.
HERMANOS
Rio, maravilhosa.
Sou paulistana.
(E argentina)
Será que agora perco o prêmio?
ADRIANA IRIGOYEN_SÃO PAULO/SP
SHATZ VERSUS LUAN SANTANA
Retomando a celeuma sobre Luan Santana, notei que “Depois da revolta”, de Adam Shatz (piauí_54, março), tem só duas páginas de texto, e é a matéria de capa. Apesar de o texto ser conciso, com ótima redação e qualidade, me pareceu pouco. Ficou a impressão que, sendo matéria de capa, deveria ter mais conteúdo. Considerando esse critério, piauí deveria ter dado na capa o Luan (piauí_52, janeiro), já que a matéria sobre o sertanejo tem o dobro de páginas do texto de Adam. Mas duvido que vocês teriam a coragem de estampá-lo na capa.
JOÃO MARCOS MARTINS_JUNDIAÍ/SP
DISSONÂNCIAS MUNICIPAIS
Inicialmente, esclarecemos que os comentários dos músicos da Filarmônica de Munique, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e do maestro Kurt Masur foram dirigidos à concha acústica, que tem o mesmo formato e construção da instalada anteriormente à entrada de José Augusto Nepomuceno e sua equipe (doravante apenas Equipe), no projeto (“Dissonâncias municipais”, piauí_51, dezembro). Dessa forma, tais fatos foram informados por escrito para a repórter, que, ao incluir a concha no rol de novos elementos da reforma, omite se tratar de um sistema antigo, sem a participação da Equipe, e que fora, por esta, informado ser deficiente. No que se refere ao comentário de Rosana Lamosa, quanto à instalação do carpete no cenário, informamos não ser da Equipe tal recomendação, mas sim da direção artística, sendo notória a influência que os cenários – ou a sua ausência – geram no clima acústico do palco. Quanto aos comentários referentes à Sala São Paulo, temos que a participação da Equipe e a influência no trabalho foram mais relevantes que o admitido pelo maestro John Neschling, sem que houvesse, dentro do corpo da matéria, a oportunidade de a Equipe contrapor tais posições. As “fontes” atuais da Secretaria de Cultura certamente desconhecem a atuação da Equipe. Quando a matéria informa que a Equipe não participou da concepção do projeto, incorre em erro, uma vez que os trabalhos publicados por José Augusto Nepomuceno ou em conjunto com Chris Blair e outros profissionais, seja em congressos da Acoustical Society of America e do Institute of Acoustics da Inglaterra, ou mesmo o prêmio da USITT para a Sala, além de três livros e de inúmeras publicações em revistas de arquitetura e música, são provas mais do que bem relatadas do desenvolvimento deste projeto. Relata também a matéria que José Augusto Nepomuceno teria “apenas” executado os cálculos do projeto, traduzindo uma visão distorcida sobre as atividades de um projeto deste porte. Frise-se, por oportuno, que tal obra resultou de uma equipe muito bem afinada e competente de profissionais brasileiros, assistidos por profissionais norte-americanos, à época com mais experiência na matéria. Tal impertinência – ou competência – repercutiu como reconhecimento profissional, uma vez que, mesmo antes da inauguração da Sala São Paulo, meu constituinte já era convidado para projetos fora do Brasil pelos profissionais norte-americanos com quem colaborou na Sala. Observe-se também que os testes acústicos, na voz de outro especialista, são apresentados como abordagem científica, e, no caso da Equipe, induzem à interpretação do cometimento de “uma falha”. Sendo esses os esclarecimentos que entendemos pertinentes à matéria publicada, solicitamos, gentilmente, sejam publicados.
MARCOS ANDRÉ CAMPUZANO MARTINEZ_RIO DE JANEIRO/RJ