"A história já está no real, e é preciso poder reconstruí-la e narrá-la como se não a estivéssemos inventando, como se fosse verdadeira", escreveu Piglia FOTO: MARIANA ELIANO
Cenas de leitura
As memórias do argentino Ricardo Piglia reafirmam sua crença de que o universo se mantém apenas porque continuamos a contar histórias
Pedro Meira Monteiro | Edição 111, Dezembro 2015
A leitura é um tema que atravessa a vida e a obra de Ricardo Piglia. Onde estamos e quem somos quando lemos? São perguntas que retornam em seu último livro, Los Diarios de Emilio Renzi: Años de Formación, que acaba de ser lançado pela editora Anagrama, de Barcelona.
Emilio Renzi é a composição dos nomes do escritor (Ricardo Emilio Piglia Renzi). Duplo ficcional do autor, ele já aparecera em vários de seus romances. Observador agudo e um tanto solitário, Renzi tem prazer em descrever, jamais em intervir. A sugestão é clara: se queremos entender algo, convém ajustar o foco e observar o que veem aqueles que se posicionam no fundo da cena. O centro do palco é chato, previsível. A literatura, contudo, reconstrói o mundo a partir de cantos estranhos e becos sem saída.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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