ILUSTRAÇÃO: CÁRCAMO
Com Roberto Marinho
Minhas três décadas de trabalho na construção da Rede Globo, ao lado do dono
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho | Edição 63, Dezembro 2011
Roberto Pisani Marinho era um homem preparado, fino, educado, amante da música, da pintura e das artes em geral, mas, sobretudo… sagaz. Empresário, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras, com uma vivência, conhecimento e prestígio invejáveis, ele era chamado por todos de “dr. Roberto”. Por isso, a maior parte das vezes ele é citado aqui, carinhosamente, apenas como “dr. Roberto”.
Se alguém pensa que o dr. Roberto foi subserviente aos militares ou que tirou algum proveito pessoal com a ditadura, está absolutamente enganado.
Em 1964, O Globo e todos os jornais mais importantes – o Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e a Folha – apoiaram a chamada revolução redentora. Nesse período, o dr. Roberto era tratado por alguns detratores como o general civil da revolução, mas não se incomodava. Ele acreditava piamente que o único regime que servia para o Brasil era a democracia, do ponto de vista político, e a economia de mercado, do ponto de vista econômico. Nunca imaginou uma ditadura de longo prazo e se surpreendeu com o decreto do Ato Institucional nº 5 e com o fechamento do Congresso.
Como empresário, nunca fez qualquer restrição à ideologia de seus funcionários, escolhendo-os pelo talento e pela capacidade. Costumava dizer: “Nos meus comunistas mando eu.” Pela Rede Globo passaram alguns dos mais ilustres subversivos, cultuados e admirados pelo dr. Roberto. Ele tinha especial carinho pela obra e pelos textos do Ferreira Gullar, adorava as espertezas do Dias Gomes para driblar a censura e chegou a emprestar dinheiro para o Mário Lago quando ele se atreveu a pedir uma grana para saldar uma dívida. O dr. Roberto fez um cheque e disse:
– Se os comunistas assumirem o poder, peça para me enforcarem com uma corda de seda… bem fininha.
Ele também tinha uma grande capacidade de entender e esquecer desafetos. Um dos exemplos é o Paulo Francis, que fez duras críticas e baixas ofensas. Um dia, o Armando Nogueira, diretor de jornalismo, e eu fomos consultar o dr. Roberto sobre a possível ida do Paulo Francis para a Globo. Ele estranhou:
– Ué… Ele aceita?
Ao que o Armando respondeu:
– Aceita, dr. Roberto.
– Que bom. Se aceita, quer dizer que ele não pensa mais o que pensava da gente. Pode contratar.
Nunca é demais repetir que a Globo jamais recebeu concessões de canais dos militares. O canal 4, da Globo, foi concedido pelo presidente Eurico Dutra, em 1951, após parecer favorável da Comissão Técnica de Rádio. Em 1953, o presidente Getúlio Vargas, de forma arbitrária, revogou a concessão.
Em julho de 1957, em um jantar, o dr. Roberto contou a história ao presidente Juscelino Kubitschek, que, dizem, deu ordens para reabrir o processo num guardanapo. Finalmente, em dezembro de 1957, a concessão retornou à Globo. Outra concessão foi outorgada pelo presidente João Goulart, em 1962, e nenhuma outra lhe foi dada.
Todas as demais geradoras da Rede Globo foram adquiridas pelo dr. Roberto – parte do grupo Victor Costa e parte do grupo João Batista Amaral. Em 1978, depois da censura de Roque Santeiro e de Despedida de Casado, mesmo contra a vontade do dr. Roberto, solicitamos canais em João Pessoa e Curitiba que foram negados pelo governo militar sem qualquer explicação.
O meu convívio com o dr. Roberto sempre foi cordial, afável e respeitoso. Quando cheguei à Globo, dessa vez para ficar, ele fez piada:
– Que parto, hein? Demorou mais de três anos.
Um dia, ele me ligou e pediu uma informação sobre a minha área que eu não tinha. Disse a ele que iria apurar e ele me ensinou um truque engraçadíssimo:
– Quando for comigo, seja sincero. Mas quando for gente de fora diga “O negócio é o seguinte…” e desligue o telefone enquanto estiver falando. Depois, não se faça de encontradiço, apure, ligue de volta e diga: “Como eu estava dizendo quando caiu a linha, o negócio é o seguinte…”
Ele tinha uma memória prodigiosa, mas se esquecia de pequenas coisas e andava cheio de bilhetinhos no bolso. Começava a remexer a papelada e, às vezes, não achava o que queria. Em cada bolso havia sempre um monte de anotações. Um de seus esquecimentos era que eu detestava usar relógio de pulso. Todo final de ano ele vinha com a mesma conversa:
– Boni, vi que não tens relógio. Vou te dar um de presente.
Sem usar relógio, fiz uma coleção de Piaget, Cartier, Patek Philippe, ganhando sempre mais um.
Ele nunca interferiu no meu trabalho e me recebia em sua casa como se eu fosse da família. Sempre conseguíamos chegar a um ponto de convergência. Quando as coisas ficavam muito ruins ele me dizia:
– Temos um temperamento difícil. Vamos evitar falar. Dê as suas razões por carta.
Um dia, ele perdeu a paciência com o João Carlos Magaldi e eu fui à sala dele para tentar consertar o desentendimento. Era assunto sério e ele não quis conversar. Mas me pediu para ir vê-lo no Globo, no dia seguinte.
– Vá lá. A gente almoça. Mas não esqueça a cartinha.
Fui. Ele leu a carta e ficou tudo resolvido. Muitas vezes, me pedia para escrever uma carta endereçada a ele, justificando um acontecimento ou defendendo algum programa. E eu perguntava:
– Por que a carta, dr. Roberto? O senhor não reclamou de nada disso.
– É. Mas estão reclamando comigo, e faz de conta que eu reclamei com você.
Até para cobrar ele tinha senso de humor. Um redator do jornalismo contrariou explicitamente uma ordem do dr. Roberto e ele mandou o Armando Nogueira demitir o funcionário. Esperando que o dr. Roberto esquecesse o episódio, o Armando não o demitiu. O dr. Roberto encontrou com o Armando no corredor do 10º andar e perguntou:
– E aquele seu funcionário? Soube que ainda está trabalhando. Mande logo embora senão vamos ter que subir o nível das demissões.
Na saída do Walter Clark da empresa, o dr. Roberto estava transtornado. Recebeu a mim e ao Joe Wallach, no Cosme Velho. Pedi uma chance para o Walter, mas ele foi duro e objetivo:
– Estou fazendo justiça com vocês que trabalham comigo. Se não entenderem isso, podem sair. Entre ter que ficar com o Walter e perder a Globo, eu prefiro perder a Globo.
O Joe interferiu, dizendo que ninguém queria sair, estávamos apenas tentando salvar o Walter e o dr. Roberto disse:
– Vamos é nos salvar. O Walter não tem mais salvação.
Dr. Roberto era calmo, tinha uma paciência de chinês. Mesmo assim, tivemos alguns atritos. Em 1975, houve um rápido desentendimento quando Roque Santeiro foi proibida pela censura.
Outro caso foi a demissão do Homero Icaza Sánchez, responsável pelas pesquisas de audiência, logo depois do caso Proconsult, o da apuração da primeira eleição para governador do Rio depois da ditatura, em 1982. Eu acredito que a Globo foi ludibriada no processo pelo Tribunal Regional Eleitoral, que havia contratado a Proconsult para processar os dados da apuração.
O Tribunal garantiu que divulgaria os resultados com maior rapidez do que era costume. A Globo optou por não fazer uma apuração paralela, usando a que estava sendo feita pelo jornal O Globo . A economia era brutal. Não sei, até hoje, se havia qualquer outro tipo de interesse (ou conhecimento) da empresa sobre as verdadeiras intenções da Proconsult. O fato é que nenhum profissional da direção, ou da Central de Jornalismo, recebeu qualquer orientação suspeita.
Mas a decisão de não fazer uma apuração paralela nos levou a depender dos resultados de O Globo, que eram lentos. O jornal apurava a eleição como um todo, e a televisão só tinha interesse nas eleições majoritárias. Além disso, os números oficiais que chegavam eram apenas do interior do estado, onde o candidato da ditadura, Moreira Franco, dominava. E isso era parte da estratégia dos militares para ganhar tempo e conseguir manipular as urnas da cidade do Rio de Janeiro.
Em determinado momento, tivemos que interromper os resultados da apuração porque os números não eram confiáveis. A Globo e O Globo não tinham, e nunca tiveram, a menor relação com a Proconsult, mas quando o Homero Sánchez ligou para o candidato da oposição, Leonel Brizola, acabou envolvendo a Globo. O dr. Roberto e seu filho mais velho, o Roberto Irineu, não aceitaram as explicações do Homero. Tentei defendê-lo e a temperatura subiu. Não tive como segurá-lo.
A coisa foi pior em 1983, com a campanha pelas eleições diretas para a Presidência da República. O dr. Roberto temia que as manifestações populares ficassem descontroladas e que houvesse um novo endurecimento por parte dos militares. Mas isso não fazia sentido. Aos poucos, ele foi revelando que nunca esteve sob uma pressão tão intensa, e sob ameaça diária de cassação da concessão da Globo. Eu nunca o vi tão nervoso quanto nessa época.
O pior é que as emissoras de menor audiência, como a Bandeirantes, também cobriam timidamente o movimento até o comício da Praça da Sé. Mas como a Globo tinha mais visibilidade, seu prestígio foi abalado. Eu, o Armando Nogueira e a sua subordinada imediata, a Alice Maria, discutimos muito o assunto com o dr. Roberto.
Eu fiz a derradeira tentativa para entrarmos na cobertura dos comícios. Argumentei que o nosso jornalismo vinha acompanhando todas as notícias e não havia nenhuma razão para recuar. Ele concordou apenas com as transmissões locais, e proibiu a cobertura das manifestações nos telejornais e nos programas de rede. Na redação, tristes e envergonhados, todos choravam. O comício da Praça da Sé de São Paulo, no dia 25 de janeiro de 1984, foi mostrado como uma festa, ainda que o repórter Ernesto Paglia tenha exposto o objetivo do movimento.
Na metade da campanha, o Roberto Irineu nos salvou. Ele propôs ao dr. Roberto montar um controle na sala dele, Roberto Irineu, que assumiria pessoalmente a responsabilidade pelo que iria ao ar. Graças a ele, entramos na cobertura das Diretas Já, atrasados, mas entramos.
Numa noite, estávamos na sala dele em plena transmissão de um comício quando um helicóptero militar, armado até os dentes, parou em frente à janela. Sabíamos que não iriam atirar. Era apenas uma atitude de intimidação. O Roberto Irineu pediu que continuássemos trabalhando normalmente, fazendo de conta que nada estava acontecendo. Foram embora minutos depois.
Desse ponto em diante, a cobertura da Globo foi intensificada, passando a ocupar todos os telejornais e, em alguns momentos, todo o tempo das edições do Jornal da Globo e do Jornal Nacional. A partir da entrada do Roberto Irineu, fizemos uma cobertura completa das manifestações e colocamos no ar um volume de informação muito superior ao das outras emissoras. No final, faltaram 22 votos para que a Emenda Dante de Oliveira, que propunha as eleições diretas, fosse aprovada.
Outro momento difícil foi a edição do debate entre os candidatos do segundo turno, na eleição para presidente de 1989. A audiência havia sido total e uma enquete, feita imediatamente após o debate, indicou a vitória expressiva de Fernando Collor. Os próprios correligionários de Luiz Inácio Lula da Silva achavam que ele tinha ido mal. Mas mesmo assim moveram uma ação no Tribunal Superior Eleitoral contra a edição do debate.
A edição do Jornal Hoje, no dia seguinte, dava igualdade aos candidatos, o que não correspondia à realidade. O dr. Roberto não se satisfez e mandou fazer uma nova edição para o Jornal Nacional, à noite. Tenho para mim que foram mais realistas que o rei, e favoreceram exageradamente o Collor. O debate tivera 66% de audiência e o JN registrou 61%, o que não mudaria a opinião de quem havia assistido ao debate na íntegra. E a intervenção foi desastrosa.
Declarei à Folha de S.Paulo que não havia concordado com o procedimento. Ao mesmo jornal, o dr. Roberto respondeu que eu não entendia nada de política e só entendia de televisão. No dia seguinte, eu o procurei e, para evitar conflito, fui logo brincando:
– Obrigado, o senhor disse à Folha que eu só entendo de televisão. Tá bom. Pelo menos, não perdi o emprego.
Ele riu, como sempre. Mas não perdoou o Armando Nogueira por estar em Angra do Reis, longe da empresa, logo no dia posterior ao debate. Ele me disse que, se o Armando estivesse presente, o assunto poderia ter sido mais bem avaliado e a edição feita com mais critério.
O Armando estava cansado dos embates. A partir daquele momento, deixou de discutir qualquer assunto. Quando era chamado pelo dr. Roberto Marinho, não argumentava mais nada. Cumpria ordens e silenciava. Começou a tentar negociar com a empresa a sua ida para o departamento de esportes, ou para uma diretoria que não tivesse relação com o jornalismo. Mas não houve um ponto de convergência e, em abril de 1990, o Armando fez um acordo e deixou a empresa, depois de 24 anos de serviços inestimáveis.
O episódio maculou a Globo. A partir daí, a rede decidiu não editar os debates. Considerando a subjetividade da questão, acho isso correto.
Houve também um lance complicado, logo depois da saída do Joe Wallach, o americano que veio nos ajudar a construir a Globo. Na carta de despedida do Joe, em que ele incluía sugestões para serem aplicadas, havia uma em que ele recomendava que seu cargo não tivesse um substituto. Mas o dr. Roberto Marinho, ouvindo seu amigo José Luiz de Magalhães Lins, contratou o jovem economista Miguel Pires Gonçalves para ocupar a superintendência administrativa.
O advogado Miguel Lins, a pedido do José Luiz, me convidou para um vinho na casa dele. Contou-me então que o dr. Roberto havia pedido ao José Luiz alguém com um perfil autoritário, capaz de me controlar administrativamente com “uma torquês na minha orelha”, conforme a expressão que usara.
Mas o Miguel me disse que o objetivo da conversa era atender a um pedido do José Luiz, para que eu recebesse com boa vontade o Miguel Pires Gonçalves, pois ele chegaria mansinho, pronto para colaborar comigo. Mas não foi bem assim. Jovem demais e inexperiente, ele reclamou, como se tivesse algum direito para isso, de eu ter dito aos meus companheiros que as coisas já estavam acertadas e que nada ia mudar. E não havia mesmo nada a mudar, porque tudo ia muito bem.
O Miguel Pires Gonçalves, que não conhecia televisão, chegou logo se metendo. Procurei o João Saad, dono da Rede Bandeirantes, e preparei meu grupo para deixarmos a Globo. Só não saí porque o João não entendeu minha proposta. Eu queria, como garantia para superar eventuais desavenças, que ele me desse uma pequena emissora da Bandeirantes. Com isso, se brigássemos, ele iria pensar duas vezes na minha saída. Mas ele me propôs um pedacinho de cada uma, e isso não atingia o objetivo principal. Se ele tivesse entendido, eu teria ido.
O dr. Roberto, sabendo de minhas conversas com a Bandeirantes, me chamou e me nomeou vice-presidente da empresa, encarregado de todas as operações. Naquele momento, os dois vice-presidentes eram o Roberto Irineu e o João Roberto Marinho. Dessa forma, o Miguel ficava uma posição abaixo da minha. O dr. Roberto, achando graça, me disse que o João Roberto havia perguntado a ele por que eu tinha sido nomeado vice-presidente de operações. Ele me contou:
– Disse ao João que você merecia.
O engraçado dessa história é que o Miguel ficou na Globo dezesseis anos e levamos uns quatro para parar de nos estranhar. Ele é competente, culto e tem uma extraordinária visão de futuro. Acabamos construindo uma amizade sincera e sólida. Hoje, é um dos meus melhores amigos.
Outra luta que tive na Globo, desde 1968, conforme consta da ata de uma reunião do comitê executivo, foi a de conseguir um espaço para produzir. Com os incêndios, fomos criando uma centena de endereços, dificultando a comunicação e onerando o produto. Até que, em 1995, o Projac foi finalmente inaugurado. O Roberto Irineu preparou uma emocionante surpresa para o dr. Roberto, que entrou no estúdio de braços dados com dona Lily Marinho, ao som de sua ária preferida: “Nessun dorma”, da ópera Turandot, cantada por Caruso. Eu lhe entreguei a claquete comemorativa e ele deu a primeira ordem de “luzes, câmera, ação” no Projac.
Do livro Roberto Marinho, de Pedro Bial, extraí um pequeno trecho que revela a grandeza do dr. Roberto: “Quando jovem procurou a companhia dos mais velhos. Quando velho deu poder aos mais jovens.” E foi assim mesmo, ele jamais deu palpites na nossa estratégia de programação, nunca interferiu na grade e, sempre que podia, demonstrava sua satisfação pelo nosso trabalho.
Com o passar do tempo, o Roberto Irineu foi assumindo as funções do pai. O convívio com ele também era tranquilo, mas eu sentia falta do cuidado e do carinho especial do dr. Roberto.
Tive apenas dois momentos delicados com o Roberto Irineu. Um, quando me recusei a participar do projeto Telemontecarlo, na Itália. Outro, na minha saída da Globo. Em relação ao projeto, fiz um relatório mostrando que o negócio não tinha a menor chance de ser bem-sucedido e que o prejuízo seria grande. Pensei que o Roberto Irineu fosse guardar essa história para sempre, mas, quando voltou da Itália, me disse com honestidade:
– Não estávamos preparados para aquilo.
A minha saída, em 1998, se deu porque novas pessoas entraram na Globo, e o baixo grau de conhecimento delas em relação à televisão era assustador. Eventualmente, podiam ser pessoas interessantes, amigas e até competentes em outras áreas. Mas não eram do ramo da televisão. Não dava para conviver com elas. Seria enfarto, na certa. Se não tivéssemos montado uma máquina eficiente e superpreparada, o desastre da Globo teria sido inevitável
Por outro lado, eu achava justo e legítimo que os proprietários implantassem uma nova maneira de operar a empresa, e que a minha saída seria boa para eles e também para mim. Combinamos que trocaríamos cartas civilizadas e, no dia seguinte, fui surpreendido com uma matéria vil e infame no Globo, sem a menor consideração pela contribuição que dei à empresa. Uma coisa infantil e vergonhosa, dizendo que eu havia sido rebaixado, quando, na verdade, eu estava saindo.
Depois, o Roberto Irineu, com sua capacidade de reverter situações mal resolvidas, encontrou-se comigo na casa do dr. Roberto e esclareceu:
– Estava com a cabeça quente.
Essas são coisas do passado. Passei 31 anos na operação da Globo e, depois, mais quatro como consultor, sem ser consultado para nada. O Joe Wallach passou catorze anos lá e o Walter Clark, onze. Para mim, o que valeu é que a Globo está aí, firme e forte. Digo sempre: a prova de que confio na empresa é que sou afiliado dela.
Valeram os momentos carinhosos que vivi com o dr. Roberto. Embora eu e o Roberto Irineu não tenhamos afinado totalmente as nossas ações profissionais, o relacionamento pessoal sempre foi encantador. O João Roberto, responsável pelo Globo e pelas relações institucionais da empresa, sempre foi atencioso e objetivo. O José Roberto, presidente da Fundação Roberto Marinho, sempre foi boa-praça.
O resumo da ópera é que valeu a pena. O que conta em qualquer empreendimento é o sucesso. E, da minha parte, tenho a certeza e a tranquilidade de que deixei a marca do sucesso como minha contribuição à Rede Globo.