Aira em Sevilha, em 2021: El mago pode ser lido como alegoria da carreira do próprio escritor, que tem o dom da escrita, mas a quem as arraigadas convenções do ofício parecem inócuas CRÉDITO: MANU GOMEZ_ALBUM_ARCHIVO ABC_ALAMY STOCK PHOTO_2021
O mago
Como César Aira, o excêntrico das letras argentinas, ocupou o centro da literatura latino-americana
Alejandro Chacoff | Edição 209, Fevereiro 2024
De Buenos Aires
No fim de 2002, Michael Gaeb tinha acabado de abrir sua agência literária. Com 29 anos, viajou de Berlim, onde ainda vive, até Guadalajara, no México, para visitar uma das principais feiras latino-americanas de autores. Na primeira manhã do evento, caminhando a esmo pelos estandes, a capa de um livro lhe chamou a atenção. Um homem sentado, de quepe e sobretudo, aparecia concentrado sob a copa imensa de uma árvore, pintando uma tela na beira de um rio, em meio a rochas e uma vegetação densa. Atrás dele, em pé, um peão de chapéu o observava, afastando um pouco o rosto como se tentasse enquadrar a pintura em curso.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINELeia Mais