Eduardo, em carro alugado, em Deerfield Beach: os governadores bolsonaristas “são carniceiros que querem os restos do espólio de Jair Bolsonaro. Se eu for candidato, explodo o debate” CRÉDITO: JOÃO BATISTA JR._2025
Pai (e eu) acima de tudo
Como Eduardo Bolsonaro vive e opera nos Estados Unidos
João Batista Jr., de Washington | Edição 228, Setembro 2025
Depois de duas semanas no Texas, o deputado Eduardo Bolsonaro estava desconfiado de que, se voltasse para o Brasil naquele mês de março, acabaria preso. Enquanto pensava no que fazer, perdeu a passagem de retorno e, a certa altura, ligou para o seu pai para se aconselhar. Segundo sua própria descrição da conversa, deu-se o seguinte: “Eu falei: ‘Pai, você me garante que eu não vou ser preso? Você não acha que tem 1%, 2%, 3% de chance?” O pai, cujo passaporte está retido desde fevereiro do ano passado para evitar uma fuga ao exterior, disse que não tinha garantia alguma. Eduardo, então, começou a especular sobre o que aconteceria se acabasse preso: “Eu disse: ‘E quem vai me tirar da cadeia? O senhor vai obrigar meus filhos e minha mulher a me visitarem na cadeia? E quando é que eu vou sair de lá?’”
Eduardo rememorou a conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro durante um almoço em Washington, no dia 23 de julho. O deputado, que está desde 27 de fevereiro nos Estados Unidos, aceitou que eu o acompanhasse durante cinco dias. Neste período, testemunhei Eduardo dando entrevistas, atendendo aliados, discursando em eventos, gravando vídeos para as redes sociais. Conversamos em saguão de hotel, restaurante, lanchonete, salas de embarque de aeroporto, auditório de universidade e salas do Capitólio, o Congresso americano. Fizemos dois voos – um de Washington para Dallas, outro de Dallas para Miami. Em quase toda a conversa, o deputado fala do pai, do ministro Alexandre de Moraes e da “ditadura brasileira”. Está obcecado pela ideia de acionar todas as armas possíveis contra o Brasil, sejam políticas ou econômicas, custe o que custar.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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