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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2008

esquina

Corte de elite

Nem só de linho e seda vive o mundo da moda

Douglas Duarte | Edição 25, Outubro 2008

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Miguel Caballero já deu mais de 200 tiros em clientes e colabo-radores, quase sempre aos sábados, para não incomodar a vizinhança de Polanco, bairro chique da Cidade do México. É algo que o colombiano atarracado de 40 anos faz com certa naturalidade. Pega o seu trezoitão, carrega-o, encosta o cano niquelado e frio à altura da barriga da vítima, avisa que vai disparar quando disser “três” e puxa o gatilho lá pelo dois e meio. Muitas vezes, registra a cena em vídeo – são os próprios baleados que pedem. Com anos de prática, ele diz haver uma beleza na expressão da vítima após o disparo: uma cara que mistura doses iguais de “Será que morri?” com “Isso é um milagre”. Caballero é talvez o mais refinado – e confiável – alfaiate de roupas blindadas do México.

Há muitas fábricas de colete à prova de bala, mas poucas que conjuguem elegância com a capacidade de parar um tirambaço. Como a blindagem de aramida é flexível, Caballero faz questão de dar ao cliente uma prova de que a indumentária funciona. Uma prova de fogo. “Mas não basta chegar aqui, sacar um maço de 4 mil dólares e dizer: ‘Quero levar esse casaco nível três.’ Não é assim que trabalhamos”, ensina o alfaiate. Cada cliente tem o passado checado numa lista de procurados do país de origem e em outra do FBI. Só aí pode tomar o tiro em paz. As roupas são vendidas em três tipos de blindagem, que pesam de 1 a 3 quilos. A mais leve evita tiros de 38 e 9 milímetros, pistolas usadas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. A proteção mediana é eficaz contra a Mini-Uzi, que caiu no gosto dos traficantes. E a roupa mais pesada resiste até a submetralhadora HK MP5, usada pelo Bope. Seria a indumentária ideal para o verão carioca?

“Dá uma sensação de poder, não dá?”, pergunta ele enquanto o interlocutor se recupera do peteleco calibre 38 na barriga e do susto que imediatamente põe o corpo em estado de alerta. Não há um hematoma para contar a história, apenas uma sensação de calor, que logo se dissipa. “Isso que você está sentindo é apenas adrenalina”, explica. Nossas primeiras jaquetas eram muito quentes, mas aprendemos a revesti-las com um forro que equilibra a temperatura. Não queremos que nossos clientes morram de tiro, e nem de calor.”

 

Caballero ingressou na haute couture defensiva há dezesseis anos, época em que a taxa de seqüestro estava em alta na Colômbia. A idéia lhe surgira um pouco antes, quando era estudante de administração na Universidade dos Andes. Atento, reparara que seus colegas mais abastados preferiam ser escoltados a andar de colete, para evitar o desconforto (e a má aparência) em público. Teve um estalo: o que faltava não era blindagem. Era requinte.

Com a fábrica funcionando, o nome do alfaiate virou um must nas rodas sociais: uma jaqueta assinada por Caballero passou a ser peça obrigatória no guarda-roupa da elite antenada. E continuaria sendo caso Álvaro Uribe não tivesse sido eleito à presidência em 2002, impondo uma política linha-dura que acabou por diminuir a criminalidade. Com o nicho de mercado minguando, restou a opção de costurar para fora.

Da Colômbia, a Miguel Caballero Ltda., que se autodenomina especialista em “high security fashion“, ganhou o mundo. Hoje, a grife tem filiais em sete países da América Latina. Do outro lado do oceano, África do Sul, Espanha, Itália, Áustria, Ucrânia e Reino Unido. Em Londres, o público-alvo (ou simplesmente “alvo”) não é formado de ingleses, mas da nova safra de milionários russos e árabes, que marcam hora num discreto escritório da cadeia de lojas Harrods. No último ano, a empresa de Caballero faturou 9 milhões de dólares.

 

 

Como o alfaiate está onde o crime está, a atual menina dos seus olhos é mesmo a loja da Cidade do México, bem integrada a uma vizinhança de Diesel, Gucci, Prada, Hugo Boss e outras grifes do prêt-à-porter. Ainda que em números absolutos a criminalidade não tenha aumentado tanto para a população mais rica – gangues de traficantes têm mantido suas escaramuças nas periferias -, a percepção de insegurança vem batendo recordes a cada mês, e os seqüestros estão outra vez em alta. Caballero tem vendido roupa como pan caliente.

Por ora, ele investe nos desenhos tradicionais. A linha Black Collection traz camisas pólo, capas de chuva e jaquetas de couro com corte italiano. Já a linha Gold, menos sofisticada, reúne guayaberas, sobretudos e jaquetas de camurça. O plano para o futuro é abrir uma linha jovem, seguindo as últimas tendências da moda hip-hop. “Você tem idéia de quantos rappers comprariam?”, pergunta. Hoje, a maior parte da clientela é formada por empresários e funcionários do governo. Há prefeitos, deputados, senadores, governadores e também presidentes na lista. Caballero se esquiva do assunto, comentando que certa vez “gente do palácio” veio reclamar que a informação vazou para a imprensa. Ainda assim, o recorte do jornal La Crónica de Hoy, criticando o presidente mexicano e seu ministério, continua orgulhosamente pendurado na parede: “Não nos protegem e ainda se blindam”, diz a manchete.

Mais ao lado, estão as fotos dos poucos clientes oficiais: o presidente Álvaro Uribe, alguns prefeitos colombianos notórios no combate à violência, o príncipe Felipe, de Astúrias, o casal real da Jordânia e o ator anglo-esquimó Steven Segal. Na maioria das imagens, Caballero aparece ao lado deles. A lista, contudo, é maior, tirada a saca-rolhas do Armani da blindagem: o presidente -bonitão Rafael Correa, do Equador, tem um ou dois ternos; e sabe aquelas guayaberas vermelhas de manga comprida que o venezuelano Hugo Chávez usa de vez em quando? Pois é.

 

Num cabide próximo repousa outra guayabera, essa branca, muito similar à usada por Lula quando adota o estilo cucaracha. Corre o boato de que ela teria sido presenteada pelo hermano Chávez. O alfaiate desconversa, enrubesce, diz preferir tomar um tiro sem colete a confirmar a informação. Oferece um café, uma mudança de assunto e adianta que gostaria de abrir uma loja no Brasil, se não fosse pela burocracia excessiva do país.

Fiel à grife, Caballero não sai à rua sem sua jaqueta paramentada, capaz de parar sem problema um balaço de Colt 44. Medo de seqüestro, diz. Então ficou rico com os coletes à prova de balas? A seu lado, um assistente argentino ensaia um riso, e em seguida emudece, talvez lembrando que o homem à sua direita lhe deu um tiro quando decidiu contratá-lo.

Douglas Duarte

Douglas Duarte é jornalista. Seu primeiro documentário é Personal Che, que foi exibido na Première Latina do Festival do Rio.

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