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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2009

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Desce!

Altos e baixos de uma classe obsoleta

Douglas Duarte | Edição 32, Maio 2009

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A argumentação até que é sólida: “Os elevadores modernos são projetados para o uso automático. Todo o bom funcionamento do sistema depende da não-interferência humana.” A justificativa do projeto de lei aponta que, do jeito que está, há um “aumento dos custos com a mão-de-obra” e também uma “diminuição da capacidade em, pelo menos, uma pessoa”. Se algum leitor ainda não se deixou convencer, o documento dá o golpe de misericórdia, encerrando a prosopopéia com um argumento capaz de sensibilizar qualquer alma que já tenha perdido preciosos segundos à espera do proverbial passageiro Rexona: “A eliminação do atendimento automático” – em outras palavras, a presença do ascensorista – “provocaria, entre outras consequências, a demora no fechamento de portas para atender a retardatários visando a uma maior lotação antes de dar a partida.”

É assim, com juízos técnicos, lógica cartesiana e português claudicante, que o projeto de lei nº 3738/2006, aprovado pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, vai em breve extinguir o cargo de quase 4 mil profissionais no estado. Adeus ascensoristas. Segundo o texto proposto, apenas os edifícios não residenciais com elevadores controlados à manivela – uma multidão, como se sabe – terão que continuar utilizando os serviços da classe. Para os outros, vai ao gosto do cliente. Ou do condomínio.

“Será que eles não ouviram falar em ‘crise econômica’ pra propor uma coisa assim numa hora dessas?”, pergunta com indisfarçável indignação Máximo, ascensorista cujo nome não é este – a seu pedido, resguarda-se sua identidade para protegê-lo de represálias do condomínio no bairro do Flamengo, onde trabalha. Chegamos a este ponto. “Está todo mundo falando em política para gerar emprego e vem esse cara para cima da gente?”, vitupera.

 

Esse cara, no caso, é o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha, do PSDB, ex-vice-governador de Marcello Alencar, ex-candidato a vice-prefeito na chapa de Fernando Gabeira, e atual corregedor da Assembléia Legislativa do estado. É dele o projeto funesto que feriu de morte o artigo da lei de 1991 que obrigava prédios não residenciais a utilizarem ascensoristas. Sem dúvida, 1991 foi o annus mirabilis desta classe nascida de mãos dadas com os arranha-céus. Naquele memorável começo de década, o então governador Leonel Brizola aprovou a criação do Dia do Ascensorista, celebrado em outubro.

Em março de 2006, a classe deveria ter desconfiado que nuvens carregadas começavam a cobrir o céu rosáceo de 1991. De forma insidiosa, o mal chegou vestido em pele de cordeiro. Naquele mês, a governadora Rosinha Garotinho decretou que, dali para frente, todos os ascensoristas teriam direito a uma cadeira ergonômica que lhes aliviasse a lombar, tão maltratada pelo sobe-e-desce constante. Obcecado pelo tema, o deputado Luiz Paulo não tardou em agir. Defensor ardoroso da tecnologia de ponta e do melhor uso dos espaços, julgou que cadeiras parasitando no canto de cabines quase sempre exíguas eram evidência incontestável de retrocesso. Nove meses depois, entrou com um pedido de modificação da lei. Argumentou que a “cadeira do ascensorista, junto da porta” provocaria uma “maior dificuldade para o entra-e-sai dos passageiros”. Após dois anos de lenta tramitação, no começo do último mês o projeto foi incluído na ordem do dia. Deve ser assinado em breve pelo governador Sérgio Cabral. O deputado Luiz Paulo foi sagaz: aproveitou que estava eliminando a cadeira ergonômica e, zás-trás, eliminou também quem se sentava nela.

 

“Estão dizendo que os elevadores fazem tudo, que falam e o caramba. Mas e o deficiente? E quem tem medo? E quem não sabe aonde vai? E quando dá pane? E os que depredam? Acho que tem coisa por trás disso”, diz o ascensorista Sérgio Barbosa, presidente do Sindicato dos Cabineiros de Elevador do Município do Rio de Janeiro, que não pediu anonimato por não temer a fúria de condomínios. “Você viu como o pessoal do Secovi estava juntinho no lance da comemoração da lei?”, pergunta.

 

Secovi é o sindicato que congrega condomínios e administradoras de imóveis do Rio de Janeiro. Em abril, seu presidente, Pedro Wähmann, respondeu aos repórteres que lhe perguntavam sobre as consequências sociais do projeto de lei. Explicou: “Não está se suprimindo posto de trabalho. Aquele equipamento já foi criado para funcionar sem o operador humano.”

O projeto de lei não foi a primeira “dobradinha” entre Luiz Paulo e Wähmann. Em janeiro de 2007, o deputado propôs à Assembléia que o Secovi, representado por seu presidente, fosse agraciado com a Medalha Tiradentes, honraria destinada a quem contribui substancialmente para a causa pública do estado do Rio de Janeiro, como a cantora Daniela Mercury e o Papa Bento XVI, homenageados em 2005. O próprio Luiz Paulo espetou o galardão na lapela de Wähmann.

À rotina tediosa dos ascensoristas junta-se, agora, a incerteza quanto ao futuro. A classe compareceu em peso à passeata organizada pela União Geral dos Trabalhadores no dia 1º de maio. Barbosa, do Sindicato dos Cabineiros, muniu-se de duas faixas e do abaixo-assinado que espera entregar ao governador Sérgio Cabral. Só não pôde contar com o apoio dos ascensoristas que trabalham na Assembléia. Os elevadores da casa, de 1926, são todos a manivela.

 
Douglas Duarte

Douglas Duarte é jornalista. Seu primeiro documentário é Personal Che, que foi exibido na Première Latina do Festival do Rio.

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