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    Brigitte Bardot e Michel Piccoli em O Desprezo: pairando sobre as bagatelas éticas do romance de Alberto Moravia, o filme celebra o fato de ter se vendido e se delicia argutamente consigo mesmo, num espírito que teria dado orgulho a Odisseu. Jean-Luc Godard, o diretor, é um homem que sabe o que é lucrar. É um artista que extrai do tema do lucro todo um imaginário épico CRÉDITO: REPRODUÇÃO DO FILME O DESPREZO (1963), DE JEAN-LUC GODARD

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Desprezos

Um estudo sobre o que é e o que não é lucro em Homero, Moravia e Godard

Anne Carson | Edição 202, Julho 2023

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“Seu vendido!”, gritou o homem, então tomou distância e esmurrou Mike Kelley no nariz. A sala ficou em silêncio. Um segurança interveio. Berlim: abertura da instalação Kandors, de Mike Kelley, na Galeria Jablonka, em 2007. Ninguém sabia quem era o sujeito. Aberturas de exposições costumam ser cheias de gente inusitada.

O que significa ser um vendido hoje em dia? Existe alguma diferença entre vender algo e se vender? A fronteira é muito tênue. Essa fronteira interessava a Homero: na Odisseia, ele brinca com ela, briga com ela e a põe à prova; como fazem também Alberto Moravia, em seu romance baseado na Odisseia (Il Disprezzo, 1954), e Jean-Luc Godard, em seu filme baseado no romance de Moravia (Le Mépris, 1963). Em inglês, tanto o romance como o filme viraram Contempt (Desprezo), uma palavra severa.[1] Que reverberações ela encontraria em Homero?

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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