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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2009

esquina

Deus não fala com 007

Mistérios, enigmas e segredos rondam o aspirante a araponga

Clara Becker | Edição 30, Março 2009

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Motivados talvez pelo apelo romântico de James Bond, CIA e FBI ou então pelo anseio patriótico de servir ao Estado e não a um governo, ou ainda, mais prosaicamente, ouvindo o chamado de um salário de 9 mil e tantos reais, 66 491 brasileiros prestaram concurso, no final do ano, para oficial de inteligência da Abin. Para serem admitidos nesse mundo de cochichos, grampos e subterfúgios, os candidatos às 160 vagas 415,5 pretendentes para cada uma enfrentaram o peculiar processo de seleção da Agência Brasileira de Inteligência. São muitos os mistérios desse concurso público em que até o nome do candidato é mantido em sigilo. No da União e nos editais, consta apenas seu número de inscrição.
Para os que ignoram as responsabilidades do profissional de Inteligência com i maiúsculo, o edital informa: “O Oficial de Inteligência tem a atribuição de desenvolver e operar máquinas, veículos, aparelhos, dispositivos, instrumentos, equipamentos e sistemas necessários à atividade de Inteligência.” Em suma: trabalha na Inteligência quem opera sistemas que dizem respeito à Inteligência. Alguém poderia achar que essa explicação, como todas as tautologias, nada explica, mas a ABIN é astuciosa: decodifique-a quem for capaz.
O candidato 007 (número fictício) soube do concurso através de mala direta. Seu sonho era ser diplomata, mas a idéia de integrar a inteligência brasileira soou-lhe irresistível. Pagou a taxa de 110 reais e, embora um tanto cético quanto às suas chances reais de classificação, cumpriu no dia 12 de outubro de 2008, às 14 horas, a primeira etapa do concurso. Nada de extraordinário: eram provas de português, inglês, geografia, atualidades, direito administrativo, direito constitucional e legislação específica da Abin. 007 se desincumbiu como pôde do capcioso tema de redação: “Transparência e sigilo no sistema de inteligência”.
Saiu da prova achando que não iria para a segunda etapa, mas acertou 97 respostas de 150 perguntas, desempenho para lá de respeitável (os números foram discretamente modificados a pedido de 007). Sedentário havia mais de dois anos, viu-se diante do teste de capacidade física e julgou que só um milagre o faria nadar 50 metros em 1 minuto e 30 segundos e correr 1 600 metros em 12 minutos. Lá foi ele na manhã do dia 6 de dezembro, torrando ansiosamente ao sol de um quase-verão outra armadilha da Abin, decerto. Mal sabia que a maior dificuldade seria “achar a Faculdade de Educação Física na Ilha do Fundão”, lembra 007.
Mandaram-no para um pelotão com 16 candidatos e, para seu espanto, ele passou. (Passaram todos, menos um gordinho que ficou para trás.) Por causa do calor e de um tropeço na estratégia de preparação ele só treinava à noitinha ou em dias nublados , 007 precisou de 9 minutos e 52 segundos para cumprir o trajeto terrestre. Achou medíocre a marca. Na água, por outro lado, quebrou seu recorde pessoal. Em apenas 59 segundos alcançou o outro lado da piscina, nadando ao lado de três concorrentes que atiçaram seu espírito competitivo. Chegou por último, mas feliz.

 

O desafio seguinte foi um exame psicotécnico que pôs à prova o potencial lógico de seu raciocínio, as lhanezas de sua personalidade e umas obscuras “habilidades específicas”. Dada uma tabela de pontuação de 1 a 7, 007 deveria atribuir notas a frases do seguinte teor:

– Eu acho que sou o único na Terra com quem Deus já falou.
– Já fiz coisas sexualmente que a sociedade reprova.
– Você irradia alegria quando entra.
– Eu minto quando convém.
– A minha moral está acima de qualquer suspeita.
– Quando estou nervoso tenho vontade de matar.
– Não gosto de ficar sozinho.
– Eu sempre peço opinião dos outros.

 

007 caiu no psicotécnico. Era injusto, visto ter respondido corretamente que Deus jamais falara com ele, que suas preferências sexuais não feriam as normas da boa sociedade e que nunca havia tido vontade de matar ninguém, mesmo nervoso. Resolveu apelar.
No julgamento dos muitos recursos, houve quem aparecesse com um psicólogo a tiracolo, direito facultado pelas normas do concurso. Ali os reprovados souberam em que pecados haviam incorrido. Não havia futuro na Abin para quem sofresse de “instabilidade emocional”, “conscienciosidade, responsabilidade, disciplina insuficientes” ou “falta de liderança criativa”. Não havia perdão para o “respeito à autoridade insuficiente”, a “pouca agressividade”, a “persistência insuficiente”, a “necessidade de afago” ou a “dependência exacerbada”. Houve protestos, naturalmente, como o do candidato que acusaram de ser excessivamente dependente, embora morasse sozinho desde os 17 anos.
Reprovado no teste de memória visual por erro dos fiscais da prova eles surrupiaram três minutos do tempo total, 007 não tem dúvida da justiça de seu recurso administrativo. Acreditando-se a dois passos de se tornar um espião de carteirinha, imagina que não terá grande dificuldade com a avaliação médica, que inclui exames de sangue, urina, fezes e sorologia, e avaliações toxicológicas, neurológicas, cardiológicas, pulmonares, otorrinolaringológicas e psiquiátricas.
Se tudo correr bem, ele em breve estará matriculado no CFI Curso de Formação em Inteligência. Ao longo de 400 horas, será iniciado nas artes de Produção de Conhecimento, Atividade de Inteligência, Contra-Inteligência, Operações de Inteligência e Contraterrorismo. Conforme o edital, “o candidato matriculado no CFI poderá ser designado pelo epíteto de aluno.”
O aluno 007, portanto, será objeto da assim chamada “investigação social e funcional”, que, levada a cabo por agentes da instituição, nada significa senão virar uma vida pelo avesso. Enquanto o epitetado aluno estuda, homens e mulheres que se tratam por codinomes entrevistarão seus familiares, vizinhos, porteiros e colegas de trabalho. Ao optar pela carreira, ele estará autorizando a Abin a levantar todos os esqueletos que porventura mantenha no armário. Não será estranho se de agora em diante seu telefone fixo passar a emitir um leve chiado.

Clara Becker
Clara Becker

Clara Becker é jornalista e vive no Irã. É coautora dos livros The Football Crónicas e Los Malos

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