Astrud na década de 1960: ela encarnou a felicidade um pouco triste do Brasil pré-ditadura CRÉDITO: PICTORIAL PRESS LTDA_ALAMY STOCK PHOTO_1965
Astrud Gilberto: a voz mundial da Bossa Nova
Cantora foi referência da música brasileira fora do país, mesmo sem alcançar sucesso no Brasil
Arthur Nestrovski | Edição 202, Julho 2023
A história foi contada muitas vezes. Nos dias 18 e 19 de março de 1963, João Gilberto e Tom Jobim estavam em Nova York com o saxofonista Stan Getz. Eles gravavam o que viria a ser um dos álbuns mais importantes da bossa nova, o Getz/Gilberto. Já no final das gravações, o produtor Creed Taylor teve a ideia de emendar uma versão em inglês de Garota de Ipanema à versão original para facilitar a compreensão da música pelo público norte-americano. À beira dos 23 anos, Astrud Gilberto acompanhava o marido, João, no estúdio da Verve Records. Gostava de cantar, era muito afinada e falava bem inglês. Escalada de improviso, registrou para todo o sempre a canção de Jobim e Vinicius de Moraes, na versão de Norman Gimbel. A faixa acabou abrindo o disco. Astrud e João dividiam o vocal. Ela cantava em inglês e ele, em português.
Um ano depois, a Verve resolveu lançar a versão de Gimbel num compacto simples, mas somente com a voz de Astrud, o violão de Jobim e o sax-tenor de Getz. João ficou de fora. O resto se sabe: o compacto virou um fenômeno e vendeu 1 milhão de cópias. A bossa nova se tornou febre mundial e Astrud foi catapultada para o sucesso.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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