Terapias com drogas psicodélicas são como um "transtorno de estresse pós-traumático invertido": um único evento que gera mudanças positivas duradouras nos estados de ânimo dos pacientes ILUSTRAÇÃO: ZEELOT
Doce remédio
Pesquisas com drogas psicodélicas, como o LSD, prometem aumentar a eficácia de tratamentos psíquicos e trazer alívio para doentes terminais
Michael Pollan | Edição 105, Junho 2015
Patrick Mettes, 54 anos, diretor de jornalismo de um canal de televisão, estava se tratando de um câncer nas vias biliares quando, numa segunda-feira de abril de 2010, leu na primeira página do Times um artigo que mudaria sua morte. Ele recebera o diagnóstico três anos antes, pouco depois de Lisa, sua mulher, comentar que ele estava com os olhos amarelos. O câncer já havia se espalhado para os pulmões, e Mettes vinha sofrendo com uma quimioterapia debilitante e o medo cada vez maior de não sobreviver.
O artigo, intitulado “Alucinógenos voltam a despertar interesse médico”, mencionava ensaios clínicos realizados em várias universidades, inclusive a de Nova York (NYU), que prescreviam psilocibina – o ingrediente ativo dos chamados cogumelos mágicos – a pacientes com câncer, para aliviar a ansiedade e a “angústia existencial”. Um dos pesquisadores afirmou que, sob a influência do alucinógeno, “o indivíduo transcende sua identificação primária com o próprio corpo, liberando-se de seu ego e voltando [da viagem] com uma nova perspectiva e uma profunda aceitação”. Ainda que nunca tivesse experimentado uma droga psicodélica, Mettes resolveu se apresentar como voluntário. Lisa foi contra. “Eu não queria uma saída fácil”, ela me explicou. “Queria que ele lutasse.”
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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