A ambição de Zuckerberg tinha sido criar outra internet, ou talvez outro mundo, dentro do Facebook, e induzir as pessoas a usá-lo ao máximo; o modelo do negócio se baseava na publicidade, que tem apetite infinito pelo tempo das pessoas FOTO: MISTER THOMS
Dois anos que abalaram o Facebook – e o mundo
Como a maior empresa das redes sociais tomou o rumo do desastre
Nicholas Thompson e Fred Vogelstein | Edição 141, Junho 2018
I
Num dos últimos dias de fevereiro de 2016, Mark Zuckerberg fez circular um memorando entre todos os funcionários do Facebook, tratando de um gesto inquietante da parte do pessoal. A mensagem dizia respeito a certas paredes da sede da empresa, em Menlo Park, na Califórnia, usadas como um mural onde qualquer funcionário pode deixar sua assinatura ou escrever algumas palavras. Em mais de uma ocasião, alguém tinha riscado as palavras Black Lives Matter [Vidas Negras Importam] e escrevera por cima All Lives Matter [Todas as Vidas Importam]. Zuckerberg queria que o responsável parasse com aquilo. “Que Vidas Negras Importam não significa que as demais não tenham importância”, dizia o memorando. “Nunca impusemos regras sobre o que as pessoas podem ou não escrever nos nossos murais”, continuava o texto, mas “riscar o que outro escreveu significa silenciar a palavra alheia, ou [dizer] que a palavra de uns vale mais que a de outros.” As rasuras, afirmava, estavam sendo investigadas.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINENicholas Thompson é diretor de redação da Wired.
Fred Vogelstein é editor da Wired.
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