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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2010

esquina

Dormindo com os peixes

Duelo de mentes em visita noturna ao aquário

Vanessa Barbara | Edição 46, Julho 2010

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“Quando eu era menor, queria ser paleontólogo”, diz Andrei, de 5 anos. Naquela época, ele era tolo e ingênuo. “Hoje eu quero ser biólogo marinho”, anuncia, diante de vinte pessoas e um atento cardume de ciclídeos.

Com seu conhecimento enciclopédico adquirido via Google e documentários do Discovery Channel, Andrei foi a grande atração daquele sábado à noite no Aquário de São Paulo, localizado no bairro do Ipiranga, não longe do riacho que – dizem – ouviu D. Pedro I declarar a nossa independência ou morte. O aquário abriu as portas para passeios noturnos há um ano e meio. Na noite em questão, os funcionários recebiam um grupo fechado de 100 visitantes que se dividiram em cinco turmas de vinte pessoas, cada qual com seu monitor.

À encarregada do grupo de Andrei – Fernanda, aluna do penúltimo ano de biologia –, coube a tarefa mais difícil da noite: responder às dúvidas do curioso petiz. Durante a chamada oral, Andrei fez perguntas sobre classificação taxonômica, principais predadores lacustres, dimorfismo dos ciclídeos, coloração das rãs Xenopus e até acasalamento písceo. “Esse menino é muito precoce”, constata uma visitante, logo antes de se dar início ao percurso de aproximadamente 75 minutos.

 

A monitora confessa: “Meu Deus, estou tomando um banho! Eu vou levar você para a minha faculdade, Andrei!” Cogitou-se a hipótese de o menino ministrar uma aula magna para a turba ignara de universitários, em troca do que ele seria agraciado com o título de doutor honoris causa, o que talvez provocasse muito berro e gritaria entre os pares da pré-escola.

O passeio começou com a distribuição de minilanternas aos visitantes. Em seguida, um a um, os grupos penetraram nos mistérios do museu. Mistérios que já se faziam presentes na primeira seção visitada – a dos mamíferos –, pois, a despeito do nome, o Aquário de São Paulo não abriga apenas peixes e animais aquáticos entre os seus 3 mil hóspedes. Há, por exemplo, um filhote de lontra neotropical, um bando de macacos bugios, um tamanduá-mirim de nome Lipe, um lobo-marinho bastante sociável e inúmeros tucanos-toco.

Foram eles os primeiros a receber o público, às 20 horas em ponto, já que possuem hábitos diurnos e precisam dormir cedo. Logo de início, uma decepção: “Aqui temos o lobo-marinho”, anunciou Fernanda diante de um monte de pedras e folhas e um tanque de água absolutamente vazio. “Ele está deitadinho no canto, ali em cima”, ela tentou apontar. Os feixes de luz bem que arriscaram uma varredura, mas nada se viu além de uma sombra indistinta. Talvez secretamente entediado, Andrei aproveitou para informar aos leigos que, na África, o predador do lobo-marinho é o tubarão-branco.

 

Surge então a estrela animal da noite: o bonachão Tapajós, que nada em círculos e come escarola. É um peixe-boi de 113 quilos e 2 metros de comprimento, o primeiro exemplar do mundo a ser exibido em cativeiro. Tapajós reside num tanque de 1 milhão de litros de água, o principal do aquário, e divide a moradia com bagres, jaús, tambaquis e pirarucus. A temperatura é mantida entre 25 e 27 graus, como na Amazônia.

Para gáudio de Fernanda, Andrei, embora soubesse que o peixe-boi é um mamífero, desconhecia certos aspectos do pirarucu. “O pessoal da Amazônia usa a língua dele como ralador porque é áspera e rala mandioca e queijo… as meninas usam as escamas para lixar a unha”, contou, satisfeita por poder ensinar alguma coisinha ao menino. Ele ouviu com atenção, mas deixou claro que sabia, desde muito, que os pirarucus comem piranhas, o que deslustrou um pouco a alegria da moça. E também não pareceu se espantar com a existência do peixe-gato, um tipo que tem bigodes parecidos com o dos felinos.

 

Decerto em conluio com o lobo-marinho, a pequena lontra também se recolheu a seus aposentos e não deu o ar da graça. A atitude foi imitada pelos bugios. Mas Andrei estava em missão científica e nada susteria sua empolgação. O tamanduá-mirim lhe pareceu uma maravilha, apesar de ele não conseguir enxergá-lo muito bem. Fernanda fremiu de prazer antecipado ao perguntar: “Alguém quer adivinhar o que o tamanduá toma para substituir o leite da mamãe?” Ah, Andrei não sabia, não! Sem demora, ela revelou: “Da-no-ni-nho! Com frutas! Batido no liquidificador!”

 

Quando era, digamos, menos maduro, Andrei gostava era de dinossauros. Aos poucos foi se apaixonando pelos peixes, a ponto de obrigar a mãe a peregrinar por todos os aquários do estado. A família mora em São José dos Campos, a 91 quilômetros da capital paulista. No dia da visita noturna, Andrei havia acordado no hotel às seis da manhã e arrastara a mãe e a avó para o zoológico e o Zôo Safari. Além do Aquário de São Paulo, ele já visitou o de Santos, o de Santo André, o de Ubatuba, o do Guarujá e o de Aparecida. Seu preferido é um do Japão, país que ainda não teve oportunidade de conhecer; por enquanto, contenta-se em explorar o remoto aquário via internet.

Andrei seguiu trocando considerações com a monitora por entre tanques de lambaris, tubarões, jacarés, piranhas, pinguins e garbosas tartarugas. Discordou veementemente da alegação de que a píton seria a maior cobra do mundo, desbancando até mesmo a sucuri: “Não é! Eu já ouvi falar de uma maior! É a cobra-grande!” Quando Fernanda admitiu que nunca tinha ouvido falar de cobra-grande, imediatamente espalhou-se o boato de que Andrei acabara de descobrir uma nova espécie. Todavia, até cientistas grandes falham – e dessa vez o pequeno estava errado. A píton era mesmo a maior cobra do mundo; a candidata de Andrei vinha em segundo lugar.”Cobra-grande” era apenas um outro nome para a sucuri.

Ciente de que percalços fazem parte da vida do pesquisador, Andrei não esmoreceu e continuou a responder corretamente às perguntas da monitora. Sim, o cascudo come sujeira, as tilápias são ciclídeos, alguns tubarões são ovovivíparos, e, se as tartarugas às vezes engolem sacos plásticos, é porque os confundem com águas-vivas.

Ele achou por bem informar que seu peixe preferido era o baiacu e perguntou se a monitora já ouvira falar de “arraia-pintada”. Sim, ela conhecia. E peixe-lua? E salamandra gigante? E peixe-arqueiro? Recebendo finalmente uma resposta negativa, o rapaz explicou: “O arqueiro é um peixe que cospe água e derruba os outros de longe.” Ponto para Andrei, que, a propósito, já comeu tatu.

O passeio terminou com um jantar oferecido pelo museu. Não foi servido nenhum tipo de peixe.

Vanessa Barbara
Vanessa Barbara

Escritora e jornalista, é colaboradora do New York Times e da New York Review of Books. Publicou o romance Noites de Alface (Alfaguara) e Mamãe Está Cansada (Companhia das Letrinhas). ). É autora do periódico digital A Hortaliça na plataforma Substack.

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