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esquina

E a vida continua

Dentro de um capacete pode haver mais do que um motoboy

Bruno Moreschi | Edição 18, Março 2008

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Renato da Silva, de 26 anos, herdou do pai a mania de riscar os dias vencidos no calendário da cozinha. Era bom ver o tempo passar. Mas desde 27 de janeiro, quando foi eleito o motoboy mais bonito do Brasil, no 3º Motoboy Festival, em São Paulo, a passagem dos dias vem deixando um gosto crescentemente amargo em sua boca. O brilho na passarela se esvai, o convite da revista masculina continua uma quimera e a ele só cabe tocar sua sina sobre duas rodas pelas ruas paulistanas.

Na primeira semana em que se tornou Mister Motoboy 2008, Silva imaginou que, assim como Ubiratan Baltrusis, o vencedor do ano passado, ele também seria convidado para posar, sem nenhuma folha de parreira, na capa da revista G Magazine. Ficou à espera de um telefonema da publicação.

Foi a recepcionista do escritório JL, onde Silva trabalha, quem o inscreveu no concurso, realizado durante uma feira na qual se expõe o que há de mais novo (e principalmente mais barato) no setor, que emprega 250 mil pessoas só em São Paulo. Fãs de Harley-Davidson, acostumados a pagar até 115 mil reais por uma moto – contra 5 mil de uma Honda CG 150 JOB, a preferida dos motoboys – , passam a léguas de distância. A maioria dos estandes é alugada por lojas como a Mixs Capacetes, que, a 90 reais, oferece capacetes inspirados em modelos trinta vezes mais caros. O evento, que dura três dias, termina com a escolha do gatão da categoria.

 

De acordo com o regulamento, os candidatos devem ter menos de 30 anos e, presume-se, domínio absoluto da arte de costurar – não roupas, mas o trânsito paulistano. Dos oitenta inscritos, dez entraram no seleto grupo de motoboys bem-apessoados. No camarim, horas antes do desfile, a produção avisou que todos os concorrentes teriam de se vestir e se maquiar com os produtos dos patrocinadores. Silva, 1,93 de altura, 86 quilos, pôs um bermudão e camisa de botões, ambas as peças em jeans brilhante. Para completar o figurino, ofereceram-lhe um boné, igualmente em jeans, que ele recusou por razões estéticas. “Já ouvi falar que o boné nunca pode ser muito combinado com a roupa”, ponderou.

Enquanto se arrumavam, os motoboys contavam como tinham chegado ali. Keny Welcman, com trinta das 36 prestações de sua moto já saldadas, decidiu concorrer por insistência da mãe espírita, que o considera “o ser humano mais lindo deste e do outro mundo”. Augusto Gutierrez, sete prestações pagas de 21, se considerava em vantagem por já ter um nome “tipo artístico”. André Luiz, 16 de 24, pretendia parar de colecionar pontos no braço direito. Já recebera doze – poucos até, levando-se em conta os seis acidentes que sofrera. Pelo menos no quesito monetário, Renato da Silva estava na frente: as prestações de sua Honda CG 150 JOB já haviam sido quitadas.

A conversa é interrompida pela voz do locutor. As 178 motos estacionadas no local indicam que o desfile está lotado. Os motoboys entram na passarela ao som do DJ Marcão e seu CD pirata Black Charm. Alguns candidatos fazem cara de galã ou de não-vem-que-não-tem, outros desabotoam a camisa diante dos jurados. Na coxia, Silva conta 3, 2, 1 e fixa no rosto um sorriso de orelha a orelha. Com cara de Coringa (o do Batman), desfila pela passarela ao som de gritinhos. Sem conter a emoção, uma moça lança um Gostoso! e imediatamente toma um beliscão do namorado.

 

 

Encerrado o desfile, corria pelo salão que Silva era o franco favorito. Discretamente, a assessora de imprensa puxou-o de lado e pediu o número do celular dele. Foi assim, com a torcida dos amigos, o assanhamento de meninas e a distribuição de seus contatos, que ele começou, ali mesmo no camarim, a ascensão rumo à fama. No palco, quando oito jurados o elegeram vencedor do certame, Silva caiu de joelhos, levantou as mãos para o céu e chorou. Ganhou cosméticos da Marcelo Beauty, roupas da Rap Power e o prêmio máximo: uma moto da marca Miza, de 150 cilindradas.

De volta ao camarim, recebeu o cumprimento dos colegas, que levantaram a lebre do convite quase certo da revista masculina. Feliz, ele respondeu a um questionário típico de miss. Melhor filme? Anjos da Vida: Mais Bravos que o Mar, com Kevin Costner e Ashton Kutcher. Livro favorito? O Poder do Subconsciente, de Joseph Murphy. Sonho? Algo bem mais singelo do que a paz mundial: “Uma casa própria para a minha mãe. Nem que para isso eu tenha que posar peladinho da silva”.

Como a chance não veio, Silva já pensa em vender a moto que ganhou como prêmio.

 
Bruno Moreschi

Bruno Moreschi, jornalista e artista plástico, é coautor de 501 Grandes Artistas, da Sextante.

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