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    "Como a imprensa pode ser baixa ─ em especial a inglesa. São maldosos, dissimulados, petulantes e provincianos. Não têm aquela alegria pornográfica dos italianos. São apenas velhacos." FOTO: BERT STERN_1962

diário

“Eu não me interessava por nada comum”

Os relatos íntimos de um grande ator anterior à era da celebridade instantânea

Richard Burton | Edição 84, Setembro 2013

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Em telegrama a seu advogado, que lhe perguntara se estaria escrevendo uma autobiografia, o ator inglês RICHARD BURTON respondeu: “Meu diário é um bem exclusivamente pessoal e não é lido por ninguém salvo Elizabeth. Por razões óbvias, não é publicável, a não ser em versão emasculada daqui a uns 100 anos, quando estivermos todos mortos. Eu mesmo nunca o releio. É um mero exercício cotidiano para mitigar a frustração.”

Quando morreu, em 1984, Burton tinha 58 anos. Havia se casado cinco vezes – duas delas com Elizabeth Taylor – e deixara centenas de páginas que cobriam todo o seu histórico de galã de cinema e teatro e frequentador do jet set internacional. Contudo, não é do mundo glamouroso das celebridades que vem a surpresa maior de seus diários. Publicados em 2012 pela editora da Universidade Yale, eles revelam um homem inteligente e culto que trocaria todos os holofotes pelo sossego de sua biblioteca nas montanhas suíças, onde fixou residência para escapar do fisco de Sua Majestade. A mãe de Burton era garçonete e o pai trabalhava nas minas de carvão do País de Gales. Tiveram treze filhos. Richard, o décimo segundo, virou o “milionário beberrão” que, em luta constante com as potencialidades não realizadas de seu talento e de sua vida, tinha igual prazer em adquirir uma gramática húngara ou em comprar um avião para presentear a sua amada Elizabeth.

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