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Um jogo politicamente correto

Mônica Manir | Edição 123, Dezembro 2016

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“Subiu, Celeste!” Lá vai Romário tirar a bola da área, numa cabeçada aplaudida pelos companheiros. “Sem cair na provocação, Celeste!” Luizão limpa o pó da camisa e segura o verbo, depois de um carrinho voluntarioso do adversário. Entre os jogadores da Celeste Proletária, o lema é conhecido: não tem essa de craque. Todos são Celeste. O 11 não vale mais do que o 1. Ninguém goza de mordomia nem amarga vaias individuais. “A grande estrela é o coletivo”, diz o atacante Jhonatas, o Jow, de olhos tão azuis quanto sua camisa, cujo número, portanto, não importa. O que conta é que a Celeste Proletária, com um ano de vida, chegou a sua primeira final, sob um sol de fritar mortadela, num campo em Mauá, cidade do ABC paulista.

Do outro lado, se articula a Liga Operária, que nasceu em 2006 como time de futsal da Fundação Santo André e ascendeu à várzea quatro anos depois. Formado em ciências sociais com especialização em economia do trabalho, o atacante Cleber esclarece a que veio o time: “Nosso objetivo principal é levar a causa operária para a frente, sempre que possível lutando pelas minorias.” O nome do campeonato, aliás, é 1º Torneio LiFA de Futebol contra a Homofobia. LiFA significa Liga de Futebol Alternativo. Debaixo do slogan “Pela liberdade no e através do futebol”, a entidade propõe usar o esporte não como fim, mas como meio para combater o capitalismo, o fascismo, o machismo, o racismo, a xenofobia e o preconceito contra os homossexuais. Agrega times amadores da região metropolitana de São Paulo, como Autônomos, Corote & Molotov, Clandestinos, Rosanegra, Catadão e Subúrbio. Embora possa haver mulheres e gays nas equipes, a maioria, incluindo a Celeste e a Liga Operária, reúne apenas homens héteros na faixa dos 25, 30 anos. “Nem todos do nosso time têm mentalidade de vanguarda”, reconhece Cleber. “Fazemos um trabalho de formiguinha em termos de conscientização.”

Um ponto-chave da conscientização é condenar gritos como “Ôôôôô, bicha!”, frequentemente entoado por torcidas de grandes times em tiros de meta adversários, apesar de a Fifa punir a conduta. No torneio da LiFA, jogador que chamar os companheiros (ou “compas”, segundo o linguajar alternativo) de “viado”, “boneca”, “mulherzinha” ou algo do gênero é expulso. “Depois, um comitê vai no privado e conversa com ele”, conta Erik, o Furmiga, membro da comissão técnica da Celeste, que usa uma boina do time alemão St. Pauli, comprada pela internet, e uma camiseta com a inscrição CCCP (sigla em russo da extinta União Soviética).

 

Outra prioridade da LiFA é jogar em espaços públicos e gratuitos – campos, escolas, quadras, ocupações e até protestos. Numa manifestação do Movimento Passe Livre, em 2014, o pessoal do Rosanegra desenhou um retângulo no asfalto da Marginal Pinheiros e promoveu ali a 3ª Copa Rebelde, com duas “partidas de intervenção”. Já neste primeiro domingo de novembro, a final do Torneio contra a Homofobia se dá no campo do Jardim Sônia Maria, mantido – ao menos em tese – pela prefeitura de Mauá e por uma empresa privada, a Suzano Papel e Celulose. Na prática, a cancha, muito esburacada, vem sendo engolida pela erosão às margens do Oratório, córrego que passa ao lado e no qual a pelota se banhou diversas vezes durante a partida.

 

Os times alternativos se dizem, claro, “de esquerda”. A Celeste é tida como “dos professores”, por contar especialmente com mestres em humanas. O Rosanegra concentra um número maior de garotas: seis (a sétima, a volante Mix, promete voltar quando Olga, a filha de 5 meses, permitir). No Corote & Molotov, jogam moradores de rua – corote é como chamam a cachaça. Cem por cento das equipes rejeitam a figura do capitão. “Capitão… O nome já diz tudo”, comenta Led, do Rosanegra, uma semana após a final do torneio, na 7ª Feira Anarquista, em São Paulo. Vários do Rosa estão lá. Todos afirmam aceitar as diferenças, mas não existe entre eles nenhum representante “da direita conservadora”. “Seria surreal, como se o sujeito quisesse jogar vôlei em vez de futebol”, compara o volante Danilo, o Mandioca. “Acha que alguém contra o casamento gay vai querer aparecer numa foto com a gente?”, pergunta a zagueira Alynne.

Já quando a pauta é a presença do juiz em campo, não há muito consenso. A LiFA propõe que se jogue preferencialmente sem árbitro. “Quando você bate aquela pelada na rua, não tem juiz”, explica a liga em sua página no Facebook. Mandioca contra-argumenta: “Às vezes, o árbitro faz sentido, sim, porque diminui os atritos. Além disso, ele não é uma autoridade inquestionável; pode voltar atrás.” Para apitar a final de domingo, os organizadores acabam escalando Bracinho, do Subúrbio, mas abdicam dos bandeirinhas. Uma torcida pequena, composta de familiares e moradores locais, aparentemente pacíficos, se amontoa embaixo de uma árvore, na arquibancada de concreto, com apenas três degraus. No primeiro tempo, cientes das falhas do juiz, os jogadores até assumem toques de mão e admitem espontaneamente outras faltas. “Devolve, não é nossa, é deles.” Mas no segundo tempo, talvez por causa do sol no cocuruto, a qualidade do jogo cai, e a torcida cobra. “Rodrigo, pelamordedeus, me tirar de casa para isso?”, reclama a mãe, diante de um bicão e da iminente derrota da Celeste, o escrete do filho.

 

A camaradagem dentro das quatro linhas também bambeia. Disputas e bate-bocas passam a ser mais acirrados. “Por que não foram buscar a bola de vocês que caiu na água?”, indigna-se um celestino contra um operário, enquanto um dos seus se esfalfa para catar pela oitava vez, no córrego poluído, a única pelota disponível. “A gente não pode entrar na pilha deles”, alerta outro celestino, que grita em seguida: “Ei, é azul, muda o juiz, é palhaçada!” Quando os vermelhos da Liga Operária vencem por 3 a 2 e se sagram campeões, Jow reclama, meio para si, meio no coletivo: “Tudo o que a gente falou, a gente fez ao contrário…”

Na hora da foto oficial das equipes, atrás da faixa “Movimento social não é crime”, os atletas, já menos pilhados, se perfilam. As duas taças, compradas graças a uma vaquinha, rebatem a luz do sol, como faroletes. Irônico, Bracinho faz o sinal de L com a mão – “L de ladrão”, provoca. Estampada nas camisetas da torcida celestina, que abandona uma PET de refrigerante e pacotes com restos de salgadinhos na arquibancada, uma mensagem sela o domingo: “Paz entre nós, guerra aos senhores.” 

Mônica Manir
Mônica Manir

É jornalista. Publicou os livros Por um ponto final (Com-Arte) e Diário de uma fadiga (Cancioneiro).

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