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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL

esquina

Latino-americanices

Yankees si! Cruzqueños no!

Julia Dantas | Edição 50, Novembro 2010

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A antiga capital do Império Inca, compartilha com Machu Picchu a distinção de ser invariavelmente descrita com qualificativos que adornam as páginas de Paulo Coelho. Cusco é mágica e misteriosa, cheia de energia, um lugar com astral muito particular, para lá de positivo. (Drible-se o inconveniente histórico de os incas terem uma quedinha por sacrifícios humanos.)

Na cidade que já se julgou o umbigo do mundo, cusquenhos e turistas dividem equitativamente o espaço público. Na Plaza de Armas, lado a lado em torno da fonte, ingleses, israelenses, chilenos e peruanos recebem os últimos raios de sol antes de enfrentar o gelo da noite.
As ruas do centro histórico são um anúncio da Benetton. Na Procuradores, um italiano vende pulseirinhas sentado no meio-fio da mesma calçada em que uma senhora aimará expõe bonecas de pano. Na avenida El Sol, malabaristas argentinos disputam o sinal com crianças peruanas que vendem chiclete. Enquanto é dia, a cidade é de todos.

Já de noite, definitivamente, os gatos não são todos pardos. Quase tão famosas quanto as ruínas incas são as festas de Cusco. É praxe dançar no balcão do bar. Quase obrigatório é os meninos se balançarem colados ao bumbum das meninas, que, por sua vez, rebolam uma versão de funk carioca, mãozinhas pra lá e pra cá no joelho dobrado. Nessa paisagem de cabeças loiras e olhos azuis, uma feição nativa destoará tanto quanto um negro na Lapônia. Nas seis principais discotecas de Cusco, todas nas redondezas da Plaza de Armas – o umbigo do umbigo do mundo – a entrada é franca e gratuita, isto é, desde que o cliente tenha cara de quem nasceu além das fronteiras nacionais, de preferência ao norte do Equador.

 

 

A seleção começa na porta. No bar Mithology, o mais concorrido na cidade, dois franceses e um cusquenho, os três em torno dos 25 anos, sobem os degraus que levam à pista de dança, mas Richard Mendoza é barrado. De nada adianta protestar com o segurança: “Somos los dos peruanos! Me vas a cagar, a un peruano?” A coisa se resolveu rapidamente. Bastou aos franceses perceber que haviam perdido um integrante do trio e dar meia-volta para avisar na entrada: “El está con nosotros, está todo bien.” O baixinho de pele morena ganhou direito à festa.

Em dias de movimento menor, um cusquenho consegue entrar com mais facilidade, embora não sem pagar de 10 a 15 soles (7/10 reais), valor de que turistas de pele clara estão dispensados. Os não-morenos costumam também ser recebidos com um drinque de cortesia, por terem tido a gentileza de escolher aquele estabelecimento.

O critério da discriminação está mais na ordem do fenomenológico, digamos. Se, num grupo de quatro pessoas, a metade tiver feições europeias, os seguranças informarão aos mais claros que dois podem entrar de graça e dois pagam. O que importa é a cara, não o passaporte. Assim, o argentino Pablo, que faz um mochilão pela América do Sul e está há um mês em Cusco, ainda não entrou de graça em nenhuma discoteca badalada. Sem meter a mão no bolso, foi barrado em todas. Ele nasceu em Córdoba e, em vez da pele clara e dos traços ítalo-hispânicos da maioria de seus compatriotas, exibe feições indígenas.

 

 

Andrés, um ex-segurança de boate, explica que a triagem é necessária porque os cusquenhos tendem a se exceder com bebida e música, e sempre que há briga, diz ele, pode-se ter certeza de que há um peruano no meio. Não é de todo inexato, mas a explicação para o mau comportamento não será achada na etnia.

Que peruanos bebem a valer, é fato, mas um típico fim de noite nas boates de Cusco é povoado de estrangeiros que mal param em pé. Na mesma situação, um cusquenho é mandado embora bem antes. Basta que trance as pernas ou enrole a língua na hora de pedir outra cerveja para que entre na mira dos seguranças. O sueco que vá ao chão de tão bêbado é pitoresco; um peruano que leve o mesmo tombo é encrenca.

Os peruanos recebem tratamento especial – para pior, por supuesto – dos garçons. Também é comum que estrangeiros olhem torto para latinos de pele escura que teimem em tirar as meninas deles para dançar. Existem, é claro, os sobreviventes, pouquíssimos. Estes sairão da discoteca com uma loirinha a tiracolo, tão deslumbrada com a ginga do Terceiro Mundo quanto doida para aprender os passos da salsa, preferência absoluta dos peruanos locais.

 

No dia seguinte, recomeça. As vans para Machu Picchu sairão ao amanhecer, os ambulantes e os engraxates ocuparão as escadarias da catedral à espera dos fregueses, os garçons estarão nas calçadas oferecendo cardápios de café da manhã. No fim da tarde, gringos e peruanos aproveitarão o resto de sol ao redor da fonte da Plaza de Armas, uns guardando fôlego para a euforia, outros para brincar de gato e rato em porta de boate.

Julia Dantas

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