Carpeaux, em charge de 1949: o austríaco que entrou de forma visceral na cultura brasileira CRÉDITO: ALVARUS (ALVARO COTRIM)_1949
A ruína de uma nação
Como um livro raro de Otto Maria Carpeaux sobre a ocupação da Áustria por Hitler, depois de fazer parte da biblioteca de um nazista, veio parar na minha estante
André Rosa | Edição 205, Outubro 2023
Poucos dias depois da anexação da Áustria por Hitler, em março de 1938, o ensaísta, crítico e jornalista Otto Maria Karpfen, judeu convertido ao catolicismo, escapou para a Itália. Em seguida, atravessou a Suíça, a França e chegou à Bélgica, onde se instalou na cidade de Antuérpia. Lá o intelectual austríaco de 38 anos empregou-se no jornal Gazet van Antwerpen, próximo dos católicos, e se dedicou a escrever um livro sobre a decadência de seu país, de grande império mundial a Estado-fantoche da Alemanha nazista.
Van Habsburg tot Hitler (Dos Habsburgos a Hitler) foi publicado no mesmo ano de 1938, em holandês, pelas editoras católicas Orbis (belga) e De Gemeenschap (holandesa). Karpfen assinou o livro sob o pseudônimo dr. Leopold Wiesinger, possivelmente para se proteger de perseguições. No ano seguinte, ele e sua mulher fugiram da Europa, rumo ao Brasil. Quando o casal desembarcou no Rio de Janeiro, a Segunda Guerra Mundial já havia estourado. Logo, Karpfen trocou seu sobrenome para o afrancesado Carpeaux.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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