Venezuelanos protestam em Caracas no dia seguinte à eleição: O governo e a polícia política criaram aplicativos para que as pessoas denunciem quem está envolvido nas manifestações CRÉDITO: YURI CORTEZ_AFP_2024
“Maduro não vai reconhecer a derrota”
Um mês de protestos e medo
Paula Ramón | Edição 216, Setembro 2024
28 DE JULHO DE 2024, DOMINGO_Pela primeira vez em anos, acordei pensando nas eleições na Venezuela. Quando eu morava no país e cobria o noticiário político, costumava acordar às quatro da manhã nos dias de eleição, por causa de um costume militar que Hugo Chávez trouxe à cena política: o Toque de Diana no dia das eleições. Esse toque militar utilizado há séculos na Espanha, no alvorecer, para despertar os soldados, ganhou na Venezuela de Chávez a função de motivar as pessoas a irem votar logo cedo.
Chávez foi escolhido presidente nas eleições democráticas de 1998. Eu me lembro como se fosse hoje, apesar de, na época, nem ter idade para votar. O tenente-coronel reformado fez história ao vencer os dois partidos que dominavam a política havia quatro décadas. Para seu projeto de poder de longo prazo, Chávez recorreu a um instrumento essencial da democracia – o voto. Para ele, era importante que suas sucessivas reeleições tivessem respaldo nas urnas, pois isso disfarçava suas tendências ditatoriais e assegurava à opinião pública mundial que representava a vontade democrática da maioria dos venezuelanos. Tudo que Chávez queria fazer no país era submetido ao voto, e no princípio a maioria dos eleitores, de fato, apoiou todos os seus referendos.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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