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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2021

esquina

Mais um round

Uma academia de luta no Rio abre as portas para ex-detentos

Clarice Cudischevitch | Edição 173, Fevereiro 2021

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Novato é uma espécie de lenda dos bailes de corredor no Rio de Janeiro dos anos 1990. Entrou para a Galera da Cruz Vermelha com apenas 12 anos (daí a alcunha) e fez sua fama. Nessas festas, as chamadas “galeras” se dividiam em “lado A” e “lado B” com um objetivo: brigar ao som de funk. Proibidas nos anos 2000, as festas hoje acontecem clandestinamente.

Aos 43 anos, ele não frequenta mais os bailes, mas ainda é bom de briga. Passou pelo muay thai, jiu-jítsu e, desde setembro, é professor de boxe na Delfim, uma academia de luta na Tijuca, na Zona Norte do Rio. Mas o percurso não foi linear: entre as disputas de galeras e dos ringues, ficou treze anos preso por homicídio. “Tirar a vida do próximo é uma coisa que te marca para sempre. É um pesadelo que carrego.”

Desde 2012 em regime aberto, Novato se apresenta a cada três meses à Justiça. Em 2013, pediu uma oportunidade a Gabriel Ribeiro, dono da Delfim, e ouviu que seria bem-vindo por lá. Começou a treinar e se graduou instrutor de boxe. “Na Delfim encontrei uma família e, no Gabriel, um guru espiritual”, diz. “A academia é meu escape. O barato é que tem muitos policiais treinando que me tratam de igual para igual, me abraçam.”

 

A maior preocupação de Novato é ser exemplo para os oito filhos. Um deles é gay. “Falo para ele: ‘Você tem que ser o melhor em tudo porque é alvo número 1 da sociedade: negro, pobre, gay, favelado.’”

Pelos quatro pisos da Delfim, é comum cruzar com histórias como a de José Carlos Brito, o Novato. A academia é conhecida por acolher quem está à margem da sociedade: ex-detentos, pessoas cumprindo penas alternativas à prisão, moradores de comunidades. Além de treinar de graça, eles podem trabalhar lá.

Isso acontece desde que a Delfim foi criada, em 2007. Em 2015, Ribeiro fundou a Associação Mais Vida para dar voz ao programa de ressocialização. Três anos depois, fez uma parceria com a Vara de Execuções Penais para oferecer atividades a condenados a penas alternativas. Em quase catorze anos, calcula que mais de 5 mil pessoas foram beneficiadas pelo projeto social.

 

 

Tudo começou quando Ribeiro, neto do proprietário da fábrica de pães Plus Vita, fez o caminho social inverso. Aos 22 anos, ele foi treinar boxe com o mestre Claudio Coelho na academia Nobre Arte, que fica no morro do Cantagalo, na Zona Sul do Rio. “O sonho do Claudio era trazer um playboy para quebrar o estereótipo do boxeador como sendo alguém de origem pobre”, diz.

Ribeiro se tornou lutador amador e somou sete vitórias e duas derrotas. “Na comunidade eu via moleques de 10 anos, bonzinhos, começando a ficar perto de bandido, de boca de fumo”, conta o empresário. “Tirava eles de lá, e eles voltavam. Então me perguntei o que eu tinha e os outros não. E vi que todo mundo quer fazer o bem, mas poucos querem agir de verdade.” Nem sempre o final da história é bonito. “Fui muito roubado. Um dos que ajudei furtou coisas de alunos.” O rapaz foi expulso.

Um “bandidão máximo, brabo pra caralho” foi outra aposta arriscada de Ribeiro. Assim termina uma carta de junho de 2019 que ele endereçou ao empresário: “Jamais esqueço o dia que em cima daquela laje no Mandela [comunidade na Zona Norte do Rio] você implorou para que eu não desse aquele passo errado. Você tinha total razão.” É uma das dezenas enviadas pelo “bandidão”, Jorge Alexandre Cândido Maria, o Sombra, um dos líderes da organização criminosa Comando Vermelho e tido como o braço direito de Fernandinho Beira-Mar.

 

Em 2011, Sombra foi para a prisão domiciliar e pediu para trabalhar na Delfim – ele também queria cursar educação física. O empresário concordou, eles viraram amigos, mas Sombra quebrou a tornozeleira eletrônica e fugiu. Foi capturado no mês seguinte. Desde então, eles se comunicam por cartas.

Sombra foi preso cinco vezes por diversos crimes. Acumula mais de cinquenta anos de pena e já passou quase 25 anos encarcerado, algumas vezes em presídios federais de segurança máxima. Em maio de 2018, ele escreveu a Ribeiro: “Não pude enterrar nenhum dos meus parentes, não pude acompanhar o crescimento dos meus filhos, faz décadas que não piso na areia e dou um bom mergulho no mar […] Nunca vi Gabriel Jesus jogar, Anitta ou Ludmilla cantar, perdi no Rio Copa do Mundo e Olimpíadas, ou seja, o dia em que eu sair daqui serei como um homem ao sair de um coma profundo.”

 

Bastante respeitada pelos esportistas, a Delfim tem seiscentos alunos e oferece treinos de boxe, muay thai e jiu-jítsu. Pelo seu ringue (de medidas oficiais) já passaram nomes como o de Rafael dos Anjos, ex-campeão do UFC, e Glover Teixeira, que luta na mesma organização e chegou a morar por três anos nas dependências da academia. Agora, Ribeiro não dá mais moradia, exceto a um andarilho, cujo nome ninguém sabe, e a dois cães – Del e Fim.

Nas Olimpíadas de 2016 no Rio, várias equipes usaram a estrutura da Delfim para treinar, entre elas a de Cuba, potência no boxe, que levou seis medalhas. O país, aliás, é homenageado na parede atrás do ringue com um pôster enorme de Che Guevara e a célebre frase Hasta la victoria siempre.

Mas não se engane. Gabriel Ribeiro está longe de admirar o regime cubano e o socialismo. Eleitor de Jair Bolsonaro em 2018, justifica assim sua adesão ao presidente: “Eu não podia compactuar com o PT. Roubaram tudo e nos deixaram duros como Maduro fez na Venezuela.”

Embora não siga nenhuma crença, o empresário de 44 anos é bastante religioso e reza todos os dias antes de mergulhar no mar. Ribeiro acredita que existe uma “guerra astral” entre o mal e o bem e que é sua missão ajudar as pessoas a migrarem do lado escuro da força. “O diabo deve estar putão comigo”, brinca.

Clarice Cudischevitch
Clarice Cudischevitch

Jornalista, é gerente de Comunicação do Instituto Serrapilheira, onde coordena o blog Ciência fundamental

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